Património: Museu de Arte Sacra e Etnologia de Fátima recordou «descamisadas»

Tertúlia «Conversas de Avós» juntou gerações em Fátima

Fátima, Santarém, 13 jan 2014 (Ecclesia) – O Museu de Arte Sacra e Etnologia de Fátima promoveu este sábado a segunda edição das ‘Conversas de Avós’, que desta vez recordaram a tradição das descamisadas do milho.

Gonçalo Cardoso, diretor do Museu de Arte Sacra e Etnologia em Fátima disse à Agência ECCLESIA que este encontro “é uma atividade muito importante, porque cabe ao museu aproximar-se o mais possível da comunidade que o rodeia e em que está inserido e os museus são espaços de memória”.

“Todas estas atividades que vão sendo esquecidas é importante registá-las e preservá-las para que as gerações de hoje percebam o quão duro era o trabalho noutros tempos”, acrescenta.

Lucília Neves, presidente da Liga dos Amigos do Museu de Arte Sacra e Etnologia, recorda que em agosto de 2013 foi organizada uma “descamisada”.

“Decidimos aproveitar esta segunda edição das Conversas dos Avós para juntar os idosos do lar para ao longo da tarde recordarem o convívio e o trabalho que envolvia esta tradição”, declara.

“A descamisada era uma tradição em que as pessoas da aldeia se juntavam, uma vez por ano, numa eira para descamisar o milho e ao longo do dia de trabalho iam cantando prosas e fazendo brincadeiras para o trabalho parecesse mais suave” explica Lucília Neves.

Já quase em desuso, esta tradição era também um momento de convívio importante para as populações, mostrando que apesar de se viver um tempo difícil com muitas provações “as pessoas reuniam-se e passavam bons momentos”, conclui.

Cacilda Ferreira, com 87 anos, é natural de Oliveira de Frades e relembra as muitas descamisadas em que participou, onde “cortava o milho” e passava um dia “de muito convívio entre rapazes e raparigas da aldeia”.

Uma tradição que já quase não existe em Portugal mas que Cacilda espera que seja “conhecido e novamente posta em prática pelos mais novos”.

Também José Moreira, com 77 anos, lembra com saudade as descamisadas em que participou “um dia longo de sol a sol, muito trabalhoso” mas que “juntava 20 ou 30 pessoas num belo convívio” ao qual se seguia “um baile, com aguardente e bolos, que durava até às tantas da manhã”.

A segunda edição das ‘Conversas de Avós’ com o tema ‘Antigamente nas descamisadas…’ decorreu nas instalações do Museu de Arte Sacra e Etnologia de Fátima.

MD

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