Património: Diretora regional de Cultura do Norte destaca relevância do «processo de elevação a Basílica Menor» da igreja de Torre de Moncorvo

«O desafio é olhar para estes lugares como património e, simultaneamente, como igrejas e como arquitetura» – Laura Castro

Foto: DRCN

Porto, 16 jul 2022 (Ecclesia) – A diretora regional de Cultura do Norte afirmou que é interessante perceber que as igrejas “continuaram a ser dos elementos mais importantes para agregar as populações e as comunidades”, ao longo do tempo, como em Torre de Moncorvo.

“Esta igreja que já foi possivelmente protagonista de um território mais povoado, e até, eventualmente, com outra presença no todo nacional, hoje, podemos dizer que tem uma presença igualmente importante embora o território se tenha alterado. E por causa disto penso que é relevante este processo de elevação a Basílica Menor”, referiu Laura Castro à Agência ECCLESIA.

A Diocese de Bragança-Miranda vai promover esta segunda-feira a celebração solene da promulgação do título de Basílica Menor à igreja matriz de Torre de Moncorvo, na Unidade Pastoral de S. José, Arciprestado de Moncorvo, na data simbólica da memória litúrgica de São Bartolomeu dos Mártires.

Para a diretora regional de Cultura do Norte, a decisão mostra que “há trabalho pastoral que é reconhecido” e, simultaneamente, um legado arquitetónico e artístico.

A atribuição do título de Basílica Menor à igreja matriz de Torre de Moncorvo foi concedida pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (Santa Sé), a 12 de janeiro de 2022, reconhecendo “a importância deste templo na ação pastoral, litúrgica e espiritual bem como o seu valor patrimonial e arquitetónico”.

Laura Castro explica que a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) olha para a igreja matriz de Torre de Moncorvo como um “monumento nacional, património arquitetónico, artístico, e cultural”, que se faz pela via da classificação, e existe um processo que também “reconhece a importância da Igreja, o seu trabalho, num contexto diferente”.

As igrejas por serem monumento “não deixam de ter a sua vivência religiosa, pastoral, não perdem a sua marca de espiritualidade”, mesmo sendo classificadas como património, que lhes atribui “uma certa condição, e atrai”, na DRCN sabem que “as pessoas vão a Moncorvo e visitam a Igreja, é um elemento marcante”.

O desafio aqui é olhar para estes lugares como património e, simultaneamente, como igrejas e como arquitetura que continua a funcionar e a cumprir a sua função primeira, e isso só se faz com a ligação das comunidades. Se este laço se perde então nem há património, nem há igreja”.

A comunidade de Torre de Moncorvo está a fazer um Tríduo de Preparação com momentos de oração, seminário, apresentação de um livro, concerto, uma homenagem a D. José Cordeiro e uma exposição.

Este sábado, às 18h00, haverá celebração penitencial; no domingo, às 16h30, está previsto um seminário com apresentação histórica da igreja (Nelson Rebanda) e do novo espaço litúrgico (padre José Ribeiro), seguindo-se o lançamento do livro “A Basílica Menor de Torre de Moncorvo. De Igreja-matriz de N. Sra. da Assunção a Basílica Menor”, pelo padre Eduardo Novo, e uma Eucaristia, às 18h00, com bênção solene com a relíquia de São Bartolomeu dos Mártires.

Foto: DRCN

No dia 18 de julho, às 15h00, o Município de Torre de Moncorvo atribui a “Chave de honra da Villa” a D. José Cordeiro; uma hora depois será inaugurada a exposição “Basílica Menor de Nossa Senhora da Assunção de Torre de Moncorvo – o pilar uma terra”, e às 17h30 celebra-se a Missa, sob a presidência do anterior bispo diocesano e atual arcebispo de Braga.

A proposta de elevação a basílica foi lançada por D. José Cordeiro e contou com a aprovação da Conferência Episcopal Portuguesa, além do apoio do Conselho Presbiteral da Diocese de Bragança-Miranda, da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, da Direção Regional de Cultura do Norte, da Junta de Freguesia de Moncorvo, da Unidade Pastoral de São José e de muitas pessoas e instituições.

Laura Castro assinala também que o trabalho da DRCN “precisa de visibilidade e de ser partilhado com as pessoas”, e a festa na próxima segunda-feira é uma dessas oportunidades para estarem nos espaços públicos e assinalar “o que foi feito, o que se pode fazer”.

“O trabalho do património nunca acaba, e o trabalho pastoral também penso que é assim, também nunca acaba. Há um paralelismo que podemos fazer, nunca se baixam os braços porque há sempre qualquer coisa que se pode realizar. Esses momentos de celebração são aqueles que as pessoas podem perceber com maior consistência o que foi feito, o que se pode fazer, são muito necessários, são momentos simbólicos, mas também vivemos dos momentos simbólicos”, desenvolveu.

Para a diretora regional de Cultura do Norte, a palavra em destaque “é celebração, e é importante”, e afirma que “não basta as pessoas acederem aos sites” e verem online o que se está a acontecer, porque a presença física e de festa, “é muito importante”.

“E é um fenómeno cultural, uma manifestação cultural, o património não vive sem isso”, concluiu Laura Castro.

Na Igreja Católica há “basílicas maiores” e “basílicas menores”, título concedido pela Santa Sé a certas igrejas pela sua antiguidade ou por serem centros de peregrinações; O início da construção da igreja matriz de Moncorvo (Nossa Senhora da Assunção) remonta ao ano de 1544.

A celebração do título de Basílica Menor à igreja matriz de Torre de Moncorvo vai estar em destaque no Programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, deste domingo, a partir das 06h07.

OC/CB

No âmbito do turismo, a diretora regional de Cultura do Norte assinala que a região do Baixo Sabor está a passar por “uma mudança e por sinais de um desenvolvimento com uma orientação distinta”, que resultam da construção da barragem inaugurada em 2016.

“Neste momento, está-se a estruturar os Lagos do Sabor [ndr. desde a barragem até à Foz do Azibo], e haverá uma nova atividade turística que pode ser aproveitada também para a promoção do património edificado e artístico”, explica.

Segundo a responsável, a DRCN “tem-se envolvido em múltiplos projetos”, como a operação financiada pelo FEDER de “recuperação de algumas áreas da igreja”, está também em desenvolvimento um estudo em que esta igreja faz parte de “um projeto-piloto com Freixo de Espada a Cinta e Foz Côa para a monitorização destes edifícios”

“Tivemos envolvidos, até há pouco tempo, com um projeto de restauro e estudo e comunicação de pinturas murais, até penso que a comunidade do Baixo Sabor vai dar desenvolvimento, teve agora uma candidatura aprovada exatamente para outras igrejas, ermidas e capelas que não pertencem ao Estado, mas terão o património reabilitado”, acrescentou.

Laura Castro destaca a importância da ideia de funcionar em rede, que foi “um critério importante”, mesmo para a “utilização de fundos comunitários”, e percebe-se que “quando há uma rede, uma rota, um caminho, é um instrumento importante para quem visita a região”, e também permite uma visibilidade e uma divulgação articulada, e “um olhar mais estratégico sobre o património”.

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