Páscoa: Ressurreição «abre dimensões que não cabem na história» – D. José Ornelas

Tema esteve em debate na Universidade Católica Portuguesa

Foto: Agência ECCLESIA

Lisboa, 05 abr 2019 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal disse hoje à Agência ECCLESIA que a fé na ressurreição de Jesus, elemento central na fé cristã, abre “dimensões que não cabem na história”.

“Cria novas esperanças, não simplesmente como remédio para a minha finitude, mas para um sentido da nobreza, para aquilo que eu, desde agora, sou, e se projeta para além daquilo que posso constatar”, referiu D. José Ornelas, um dos oradores nas jornadas de estudos bíblicos sobre ‘As narrativas pascais’ que se concluíram hoje na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa.

O bispo sadino referiu na sua conferência que “é da ressurreição que nasce a universalidade da Igreja” e a sua missão.

“Estamos a falar do ser da Igreja, da sua natureza fundamental: uma Igreja parada, mesmo piedosa, não é a Igreja de Cristo ressuscitado, é uma Igreja autorreferencial, voltada para si mesma”, realçou.

O prelado, especialista no estudo da Bíblia, recordou que a dificuldade em entender a ressurreição “não é recente” e que, sem a ressurreição, a fé católica “não teria razão de ser”.

Em causa, precisou, esta “uma visão nova da existência”, uma “perspetiva vital e identificadora” da comunidade cristã que dá sentido “a uma compreensão de Deus”.

“A comunidade só se reúne porque Cristo está vivo”, observou D. José Ornelas.

O padre Krzysztof Dworak, investigador na área das Ciências da Religião, abordou as “expressões populares da piedade pascal”, realçando à Agência ECCLESIA o novo “estatuto” da piedade popular após o Concílio Vaticano II (1962-1965), graças aos estudos feitos sobre a própria cultura, com um “olhar mais amplo”, e a renovação litúrgica dentro da Igreja Católica.

Segundo o especialista, a própria piedade popular “contribuiu” muito para um ressurgimento da experiência religiosa nas culturas contemporâneas, como “antídoto” às “tendências de secularização”.

“O secularismo profetizava, digamos assim, um desaparecimento ou então um enfraquecimento das religiões. Acontece que nós percebemos algo contrário: não só um não desaparecimento, mas também o fortalecimento”, concluiu.

Foto: Lusa. Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém

O ciclo de quatro encontros sobre as ‘Narrativas Pascais’, que se encerrou esta tarde, foi promovido pelo Gabinete de Apoio à Formação Avançada da Faculdade de Teologia da UCP.

O padre Domingos Terra, membro da organização, assinalou à Agência ECCLESIA que o objetivo é oferecer conteúdos que não sejam apenas de “ordem intelectual”, mas desafiem as pessoas, “espiritualmente”, levando a “uma vida de oração, de diálogo em comunidade”.

O docente de Teologia destacou a necessidade de que os cristãos sejam “místicos”, num mundo que “não alimenta” a profundidade.

“Temos de apostar na profundidade, no espiritual, na relação com Deus e na relação com Jesus Cristo, de uma maneira muito pessoal”, sustentou.

O Gabinete de Apoio à Formação Avançada quer continuar a alargar o seu público e, neste contexto, “a Bíblia é, seguramente, uma plataforma de diálogo privilegiada”, concluiu o padre Domingos Terra.

A iniciativa teve intervenções, durante esta sexta-feira, de José Borges de Pinho, frei João Lourenço, o padre Luis Manuel Pereira da Silva e frei José Nunes.

OC

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