«Podemos viver a nossa vida neste mundo, sem fugir a nada do seu realismo, mas com a densidade da eternidade», afirmou D. José Policarpo
Lisboa, 08 abr 2012 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, afirmou hoje que a morte, “outra forma de vida” que ninguém sabe como vai ser, constituirá “a última surpresa de Deus”.
“Só a ressurreição de Cristo constrói em nós uma verdadeira abertura à vida eterna, prometendo-nos que a nossa morte, vivida na fé na ressurreição, será, neste mundo, para cada um de nós, a última surpresa de Deus”, sublinhou na missa de Domingo de Páscoa celebrada na sé lisboeta.
Na homilia, enviada à Agência ECCLESIA, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa assinalou que a vida após a morte é já parcialmente experimentada e antecipada na atual existência: “Cada um de nós pode vencer a morte porque Ele [Cristo] nos ensina a fazer da vida um dom. Sempre que se oferece a vida, com amor, já se venceu a morte”.
D. José Policarpo sublinhou igualmente a importância de encarar a vida como um caminho sem fim.
“A grande vitória sobre a morte é abrir-se à imortalidade, é assumir a nossa vocação de peregrinos de outra pátria e de outra experiência de vida. Não sabemos como será essa forma de vida, será outra grande surpresa de Deus, apesar de já experimentarmos as suas primícias”, apontou.
A intervenção acentuou os acontecimentos inesperados que marcaram a vida de Jesus, como a crucificação em Jerusalém: “Quando já muitos acreditavam que Ele era o Messias prometido e esperado, deixar-se matar é uma surpresa dramática que desdiz a fé” dos seus seguidores.
A “surpresa da ressurreição”, prosseguiu, obrigou os seus discípulos “a começar tudo de novo, a reler todos os acontecimentos e palavras da sua convivência com Jesus, a dar um lugar à fé que, apesar de tudo, ela nunca tinha tido, e a abrirem-se a outras surpresas”.
O prelado apelou a uma vida cristã simultaneamente comprometida com a existência atual e a que acontecerá após a morte: “Unidos a Cristo e fortalecidos pelo Seu Espírito, podemos viver a nossa vida neste mundo, sem fugir a nada do seu realismo, mas com a densidade da eternidade”.
“Em Cristo ressuscitado, a nossa vida pode ser o lugar da surpresa contínua do amor de Deus por nós”, concluiu.
RJM