Solidariedade: Arcebispo de Braga denuncia «católicos praticantes» que «não ousam sujar as mãos» com «os fracos»

«Átrio dos Gentios», a realizar em novembro, vai acentuar «o valor da vida», revelou D. Jorge Ortiga

Braga, 08 abr 2012 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, afirmou hoje que há católicos a frequentar as celebrações litúrgicas e a receber os sacramentos mas que “não ousam sujar as mãos atadas com a vida real do povo”.

“Há demasiadas mãos sujas com a iniquidade, com a exploração dos fracos ou com as conjuras de interesses”, o que acontece “porque há mãos limpas e atadas pelo ‘passivismo’, pelo deixar correr, não querer comprometer-se, ter medo do que poderá acontecer”, sublinhou na sé bracarense, acrescentando que essas mãos “são também dos católicos praticantes”.

Na homilia da missa de Páscoa, disponível no site da arquidiocese, o responsável da Igreja em Portugal pelos organismos de apoio aos mais carenciados denunciou os cristãos que passam ao lado da “vida real do povo e de todo o povo, e não apenas de correligionários ou de grupos de interesse”.

“Nascemos e vivemos para gastar a vida. Não por meras causas pessoais ou projetos de pequenos grupos. Gastar a vida, em comum, por um mundo de justiça, igualdade e fraternidade é o testemunho que é solicitado aos cristãos”, frisou o arcebispo, que alertou para o “risco de um grande colapso social” em Portugal.

D. Jorge Ortiga, que há um ano deixou o cargo de presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, acentuou que o mundo “necessita de Deus”, ainda que “pretenda negá-lo”.

“A minha prece, neste dia e perante a maldade humana, é o regresso de Deus ao mundo”, o que exige a “presença de testemunhas” na família, profissão, vida pública, ensino e lazer: “Se estas não existirem estamos ou caminhamos para um autêntico inferno onde tudo se torna ininteligível e perde sentido”, vincou.

O arcebispo confirmou a realização na arquidiocese, a 16 e 17 de novembro, do Átrio dos Gentios, iniciativa promovida pelo Conselho Pontifício da Cultura, do Vaticano, que pretende favorecer a relação entre crentes e não crentes.

 “Uma ideia irá estar presente: o valor da vida. Serão convidados especialistas de todas as áreas do saber para um confronto entre crentes, ateus, agnósticos ou de diferentes sínteses de pensamento”, anunciou.

O encontro, que “fará refulgir como a vida, desde a corrupção até à morte, se reverte dum valor sublime”, manifesta o “empenho da Igreja no diálogo com o mundo da cultura e da juventude, aproveitando a realização das duas capitais europeias (Braga e Guimarães)”, explicou.

RJM

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