Páscoa: Manifestações de piedade mantêm valores cristãos face ao secularismo – padre Krzysztof Dworak (c/vídeo)

Investigador na área das Ciências da Religião sublinha importância cultural da religiosidade popular

Lisboa, 23 abr 2019 (Ecclesia) – O padre Krzysztof Dworak, investigador na área das Ciências da Religião, afirmou que as expressões populares da piedade pascal ajudam a manter os valores cristãos face à pressão do secularismo.

“A piedade popular tem dentro de si este dinamismo, que permite assegurar e salvaguardar os valores cristãos”, assinala o especialista, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A respeito de tradições presentes “há séculos” na vida cultural e social das comunidades, que permanecem no tempo, o religioso redentorista observa que se está diante de uma forma de resistência à transferência de valores religiosos para outras esferas, como é desejado pelo “secularismo do mundo moderno e pós-moderno”, para o qual a religião está “destinada a desaparecer”.

“Não permitamos que nos roubem esse valor da piedade popular, que tem muito a ensinar-nos, na vivência da fé e culturalmente”, apela.

Segundo o especialista, os processos de secularização falharam no seu intento de “direcionar estas manifestações para o interior dos templos religiosos”.

Alguns setores dentro da própria Igreja Católicas tinham um olhar de “desconfiança” sobre a piedade popular, manifestações “mais livres, mais espontâneas” e, muitas vezes, afastadas da Liturgia oficial, na sua valorização de “sentimentos” e expressões “pessoais”.

Depois do Concílio Vaticano II (1962-1965), a piedade popular passa a ser vista “muito mais positivamente” na comunidade católica, a partir da própria hierarquia, ainda que se sublinhem elementos que precisam de “renovação, de aprofundamento”.

O religioso polaco trabalhou no Brasil durante 33 anos e sublinha que o espaço da religião no espaço público – procissões, Via-Sacra, autos da Paixão – é maior em cidades menores, considerando que a dimensão cultural do chamado “turismo religioso” deve levar a “abrir espaços” para possíveis realizações, neste campo.

O padre Krzysztof Dworak vê “semelhanças” nas realidades portuguesa e brasileira, muito centradas na Paixão e menos na Ressurreição de Cristo, com uma “sintonia da vida das pessoas com o sofrimento de Jesus”.

Já na Polónia, país onde tradições culturais e religiosas estão muito “unidas”, as celebrações são “duplamente familiares”, na paróquia e na própria família; uma diferença é a “bênção especial” dos alimentos, no Sábado Santo.

A “ponte” entre a Polónia e o Brasil é feita pela devoção à Divina Misericórdia (II domingo do tempo pascal), ligada à figura da santa polaca Faustina Kowalska (1905-1938)

PR/OC

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Agência ECCLESIA

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