Páscoa 2020: O sentido da vida, das relações humanas e o lugar de Deus no pós-pandemia

«Não mais podemos desvalorizar a amizade, o sentido de pertença a uma mesma humanidade, com o qual partilhamos a mesma dignidade e o facto de sermos pessoas com as outras e umas para as outras» – D. Virgílio Antunes

Coimbra, 12 abr 2020 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra disse hoje o silêncio e o isolamento do Triduo pascal trouxe lições sobre o “sentido da vida”,” das relações fraternas e humanas” e sobre o “lugar de Deus” na sociedade.

“A lição sobre o sentido da vida: frágil, ameaçada, sempre periclitante, mas sempre de valor infinito. A nossa e a vida dos outros é um dom precioso que não queremos perder e tudo o que se faz para salvar a vida de alguém novo ou velho, rico ou pobre, são ou doente, tem um valor infinito e define claramente a linha de fronteira entre sentimentos humanos e o instinto de sobrevivência”, afirmou D. Virgílio Antunes, durante a celebração da missa de Páscoa, esta manhã, na Sé Nova de Coimbra.

O responsável explicou ainda a lição sobre “relações fraternas e humanas, familiares e universais”, que estes tempos permitem tirar: “Não mais podemos desvalorizar a amizade, o sentido de pertença a uma mesma humanidade, com o qual partilhamos a mesma dignidade e o facto de sermos pessoas com as outras e umas para as outras”.

D. Virgílio Antunes apontou ainda “o lugar de Deus na construção do bem-estar pessoal e comunitário”: “Quando faltam esperanças em coisas perecíveis continua de pé a esperança alicerçada no amor de Deus”, indicou.

O bispo de Coimbra quis nas palavras, durante a homilia, cimentar o “forte e vivo sinal” que “Jesus continua a congregar a humanidade e a ser portador de confiança e esperança para todos”.

“Fomos criados para viver e para proporcionar razões de viver aos outros. E muitos, felizmente, tem-se sabido, com muita coragem, risco e determinação, ajudar a viver e não desistir nem permitir que se desista da vida de alguém”, quis sublinhar.

Seria desejável, explicou o responsável, que nunca a Páscoa se vivesse “desligada” do mundo e dos seus acontecimentos, mas esta, reconheceu, “é impossível”: “Desta vez, toca-nos de perto, a dor está na nossa casa, nas nossas ruas e cidades. Ela paralisou a cidade. Não há indiferença possível nem idealismo que resista diante da realidade porque carne humana é tocada na sua debilidade, os corações estão apertados e até os mais fortes se sentem atemorizados pelo que aconteceu ou pode vir a acontecer”, indicou.

D. Virgílio Antunes terminou a sua reflexão com palavras de “conforto, consolação e esperança cristã” dirigidas aos que estão “animados e solidários numa ação junto dos que mais sentem” a pandemia.

“Uma palavra de ânimo a todos os que são vitimas, a todos os que não conseguem ver e acreditar para ir mais longe”, sublinhou.

Mas o bispo de Coimbra quis também agradecer aos “profissionais de saúde, que cuidam dos doentes, aos colaboradores dos lares e IPSS onde se encontram tantos idosos, às associações humanitárias de bombeiros, a famílias que cuidam dos seus membros, a todos os que estão próximos e que ajudam a manter a esperança, a todos os que têm de tomar decisões, decisões adequadas no meio de tantas incertezas que vivemos”, finalizou.

LS

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Agência ECCLESIA

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