“Dar-se de Verdade Para um desenvolvimento solidário” é o tema da XXVI Semana de Pastoral Social, que decorre em Fátima entre os dias 14 e 16 de Setembro de 2010.
O tema em debate é proposto também no dossier que a Agência ECCLESIA publica, onde se apresentam pontos de vista acerca do contributo para o pensamento social do Papa Bento XVI, nomeadamente na sua encíclica Caritas in Veritate, e se informa sobre projectos de solidariedade que são contributos para um desenvolvimento solidário.
José Dias da Silva, da Comissão Nacional Justiça e Paz, destaca as novidades da encíclica de Bento XVI no conjunto da Doutrina Social da Igreja. Para além de temáticas novas que introduz no pensamento social, a principal novidade da encíclica polariza-se na palavra “verdade”: “é essencial esta articulação da caridade com a verdade. Caridade não é amar as pessoas ou os povos de qualquer maneira. É amá-los na sua verdade, isto é, naquilo que são chamados a ser de acordo com o seu projecto que torna cada um o que realmente está chamado a ser. Olhar a caridade desta perspectiva é perceber que se tem de amar conforme as circunstâncias, que o amor terá de ser vivido de modos adequados, segundo esta verdade.”
José Dias da Silva não deixa de referir “incómodos” encontrados nalguma afirmação: “a adesão aos valores do cristianismo não é só um elemento útil mas indispensável para a construção duma boa sociedade e dum verdadeiro desenvolvimento humano integral” (4; cf 8; 11; 13; 29; 51). Sendo a encíclica dirigida a “todos os homens de boa vontade”, como se sentirão os não crentes perante tais afirmações?”
Os restantes artigos que integram este dossier, apresentam casos concretos de desenvolvimento solidário.
É o caso do “Projecto País Solidário”. Maria Isabel Santos Monteiro, Directora Técnica do Centro Social S. Francisco Xavier, da Cáritas Diocesana de Setúbal, apresenta o envolvimento daquela Caritas neste projecto, o alcance que teve o envolvimento das comunidades religiosas e da sociedade civil que conquistou.
Manuel Brandão Alves informa sobre o percurso do microcrédito, em Portugal, que possibilitou terem sido criadas 1400 empresas, “com uma percentagem de sucesso de mais de 90% relativamente ao capital reembolsado”. Para o Presidente da Associação Nacional do Direito ao Crédito “a componente ‘solidariedade’ constitui um dos suas principais factores de sustentabilidade do microcrédito”.
Um outro projecto de desenvolvimento solidário foi intuido por Chiara Lubich, fundadora do Movimentos dos Focolares: a economia de comunhão. Empresas que integram este projecto “são empresas inseridas no mercado que adoptam as formas jurídicas comuns, mas que, por decisão livre dos seus titulares, se propõem destinar os seus lucros de acordo com critérios ditados pelo bem comum”, explica, neste dossier, Pedro Vaz Patto.