Lisboa, 27 mar 2020 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alertou hoje para o caso de Huma Younus, “sequestrada, violada e forçada a converter-se ao Islão” aos 14 anos, falando num “significativo revés”, depois de o tribunal a ignorar a documentação apresentada pelos pais.
“O tribunal está à espera que ela faça os 18 anos para encerrar o caso”, considera Nagheeno Younus, a mãe da jovem cristã.
Na informação enviada à Agência ECCLESIA, a AIS explica que o Tribunal de Sindh, na Província de Karachi, aceitou um relatório médico que determina que a Huma Younus “terá 17 anos de idade”, aceitando as “provas do exame ósseo”, e ignorando a “documentação oficial (certidão de nascimento ou batismo) apresentada pelos pais, que atesta a data de nascimento a 22 de maio de 2005”.
A fundação pontifícia observa que dentro de dois meses, a jovem cristã terá 18 anos, segundo o “estudo ósseo” apresentado, mas os juízes “não tomaram nenhuma decisão” perante o facto de Huma Younus ainda ser uma “rapariga menor de idade” e “não foi emitido nenhum mandado de prisão contra o sequestrador”, que está identificado, nem obrigaram a jovem, que não vai às audiências, a regressar a casa dos seus pais.
A jovem cristã vivia em Zia Colony, em Karachi, quando foi raptada a 10 de outubro de 2019, e forçada a converter-se ao Islão
“O rapto e casamento forçado de Huma Younus está a provocar um sentimento de intranquilidade na comunidade cristã. É mais um caso que revela como os cristãos são vistos como insignificantes perante a própria justiça”, alerta, adiantando que foi marcada uma nova audiência para o dia 16 de abril.
“Após a decisão do Tribunal no caso de Huma Younus sentimo-nos ainda mais inseguros do que antes”, disse Joel Amir Sahotra, ex-deputado na Assembleia do Punjab, em fevereiro, ao secretariado português da AIS.
Para este dirigente da comunidade cristã paquistanesa “a situação está a piorar” e afeta também a comunidade hindu e a única saída pode ser recorrer aos juízes do Supremo Tribunal de Justiça, como aconteceu com Asia Bibi, que tinha sido condenada à morte por blasfémia em 2010, e foi absolvida a 31 de outubro de 2018.
CB/OC
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