Minoria cristã contesta apatia das autoridades
Lisboa, 16 mar 2015 (Ecclesia) – A comunidade cristã do Paquistão viveu hoje um dia de luto em memória das vítimas dos ataques bombistas contra duas igrejas, este domingo, na cidade de Lahore, a segunda maior do país asiático.
Os ataques, reivindicados por talibãs, mataram 15 pessoas e deixaram cerca de 80 feridos.
A Comissão ‘Justiça e Paz’ da Igreja Católica no Paquistão criticou a atuação das autoridades civis, considerando que a proteção oferecida pelas autoridades à comunidade cristã foi “mínima”, apesar dos alertas lançados nos últimos dias por causa das ameaças recebidas em várias igrejas.
A organização acusa as autoridades policiais de “negligência” e diz que por causa desta apatia “muitos cristãos perderam a vida”.
Em comunicado enviado à Agência Fides, do Vaticano, a comissão exige que o Governo paquistanês adore “fortes medidas para proteger as igrejas”.
“É preciso deixar de usar a religião como pretexto para assassinar as minorias religiosas”, conclui a nota oficial.
Entre as vítimas do atentado há quatro muçulmanos, um dos quais morreu ao impedir que um segundo terrorista entrasse na igreja protestante ‘Christ Church’.
Dias antes dos atentados, um jovem cristão, Zubair Masih, de 20 anos, morreu depois de ter sido alegadamente espancado pela polícia enquanto estava detido na esquadra, em Lahore.
A detenção terá ocorrido depois de a mãe deste jovem ter sido acusada por um muçulmano do roubo de objetos de ouro em sua casa.
Na Tailândia, as autoridades são acusadas de ter detido cerca de 400 imigrantes cristãos paquistaneses, incluindo crianças, em fuga do seu país após terem sido ameaçados por muçulmanos radicais ou por terem sido acusados de blasfémia.
A notícia, avançada pela rede CBN News, afirma ainda que o governo tailandês não lhes terá concedido o estatuto de refugiados, considerando-os “imigrantes ilegais”.
O Papa disse este domingo ter recebido “com dor, com muita dor”, a notícia dos atentados terroristas de contra duas igrejas na cidade de Lahore, “que provocaram numerosos mortos e feridos”.
“Que esta perseguição contra os cristãos, que o mundo procura esconder, acabe e haja paz”, declarou, após a recitação da oração do ângelus, perante milhares de pessoas na Praça de São Pedro.
Os cristãos são 1,6% da população de mais de 196 milhões de habitantes do Paquistão.
FIDES/AIS/OC