Papa saúda grupo de padres da Igreja «oficial» chinesa no Vaticano

A Audiência geral de hoje ficou marcada pela saudação “particularmente afectuosa” de Bento XVI a um grupo de duas dezenas de padres da Igreja “oficial” chinesa, que se encontravam na sala Paulo VI. Segundo a agência AsiaNews, os sacerdotes, reitores e directores espirituais dos seminários locais, pertencem à Igreja controlada pelo governo da China, que não reconhece a autoridade do Papa nem da Santa Sé. O grupo estava sentado na primeira fila e saudou Bento XVI cantando e batendo palmas. Os últimos dados disponíveis apontam para 1000 seminaristas na China, educados em 19 seminários oficiais. A Igreja “clandestina”, não controlada pelo regime comunista, conta com cerca de 800 seminaristas. No final do mês passada, a AsiaNews, do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras (PIME), assegurara que o novo Bispo auxiliar de Xian, D. António Dang Mingyan, foi nomeado com a aprovação de Pequim e do Vaticano. Somado a esta audiência de hoje, este facto pode ser visto como um novo passo na anunciada aproximação entre as duas partes. Durante o seu período de férias nos Alpes italianos, Bento XVI confessou aos jornalistas as expectativas que nutre em relação ao diálogo com a China, referindo que “todos esperamos que siga em frente, temos esperança”. O governo chinês cortou relações com o Vaticano em 1951, dois anos após a subida do Partido Comunista ao poder. A Santa Sé mudou então a sede de Pequim para Taipé e é um dos 25 países do mundo que mantém relações diplomáticas com Taiwan, em detrimento da China. A Igreja clandestina na China, fiel ao Papa, é formada por católicos que não aceitam o controlo exercido pelo governo comunista através da Associação Patriótica Católica, instituição que se atribui o direito de nomear bispos ou controlar outros muitos aspectos da vida da Igreja. Embora o Partido Comunista (68 milhões de membros) se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais, entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina” conta mais de 8 milhões de fiéis, que são obrigados a celebrar missas em segredo, nas suas casas, sob o risco de serem presos. Vários contactos informais têm sido desenvolvidos desde que Bento XVI sucedeu a João Paulo II, fazendo do estabelecimento de relações diplomáticas com a China uma das suas prioridades. A Santa Sé considera que não há “dificuldades insuperáveis” que impeçam o estabelecimento de relações diplomáticas com a China, desde que haja “boa vontade” de todas as partes. Coragem O Papa, que se deslocou em helicóptero desde Castel Gandolfo, dedicou a sua catequese de hoje ao Salmo 124, que considerou um canto de “peregrinação” que deve suscitar nos crentes “confiança no Senhor”. “A presença de Deus, que é ‘rocha, fortaleza, escudo, baluarte’, conforta os justos e exorta-os a enfrentar as situações difíceis, quando à prepotência dos ímpios, aos riscos e hostilidades, ao isolamento, à ironia e ao desprezo se associam a mediocridade, o desânimo e o cansaço”, disse aos cerca de 6 mil peregrinos presentes. Na sua saudação em Português, Bento XVI frisou que “o clima de oração deste nosso encontro de hoje estimula-nos a viver serena e confiadamente, na certeza de que Cristo, “nossa paz”, vive connosco e por nós. “Saúdo com especial afecto os peregrinos de língua portuguesa aqui presentes, de modo especial os que vieram de Portugal”, afirmou. “Abraço todos com particular simpatia e, ao renovar o meu convite de nos encontrarmos em Colónia para a Jornada Mundial da Juventude, concedo de coração a minha Bênção Apostólica”, concluiu. Bento XVI regressa a Castel Gandolfo, no helicóptero disponibilizado pela República Italiana, para aí continuar a passar os dias mais quentes do verão. Na residência pontifícia irá recitar a oração do Angelus no próximo Domingo.

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