Auditório Paulo VI acolheu iniciativa da Fundação ‘Età Grande’ sobre a ‘Carícia e o sorriso’.
Cidade do Vaticano, 27 abr 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco condenou hoje, no Vaticano, a “cultura do descarte” de que são alvo os idosos, que são “deixados sozinhos e têm de passar os últimos anos da sua vida longe de casa e dos seus entes queridos”.
“Os idosos não devem ser deixados sozinhos, devem viver numa família, numa comunidade, com o afeto de todos. E se não puderem viver na família, devemos ir procurá-los e estar perto deles”, afirmou, num encontro com um grupo de milhares de avós e netos, numa iniciativa da Fundação ‘Età Grande’.
No discurso divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé, o Papa defendeu que “é evidente” que o mundo será muito melhor, quando ninguém tiver “medo de acabar os seus dias sozinho”.
“Construamos, pois, juntos esse mundo, não só elaborando programas de cuidados, mas cultivando diferentes projetos de existência, em que a passagem dos anos não seja considerada uma perda que diminui alguém, mas um bem que cresce e enriquece todos: e, como tal, seja apreciada e não temida”, encorajou.
O Papa pediu aos presentes para procurarem os avós e não os marginalizarem, para o próprio bem.
“A marginalização dos idosos corrompe todas as fases da vida, não apenas a da velhice”, salientou.
No encontro, que teve lugar no Auditório Paulo VI, o Papa destacou que o amor torna todos “melhores”, “mais ricos” e “mais sábios, em todas as idades”.
“Só estando juntos com amor, sem excluir ninguém, é que nos tornamos melhores, nos tornamos mais humanos!”, frisou.
O Papa salientou que a sociedade está cheia de “pessoas especializadas em muitas coisas, ricas em conhecimentos e meios úteis para todos”, no entanto “se não houver partilha e cada um pensar apenas em si próprio, toda a riqueza se perde, tornando-se num empobrecimento da humanidade”.
E este é um grande risco para o nosso tempo: a pobreza da fragmentação e do egoísmo. O egoísta pensa que é mais importante se se colocar no centro e se tiver mais coisas, mais coisas… Mas o egoísta é o mais pobre, porque o egoísmo empobrece”
Na audiência, o Papa falou que não há “mundo dos jovens”, um “mundo dos velhos”, um “mundo disto e daquilo”, que “o mundo é só um”.
“E é composto por muitas realidades que são diferentes precisamente para se ajudarem e complementarem: gerações, povos, e todas as diferenças, se harmonizadas, podem revelar, como as faces de um grande diamante, o maravilhoso esplendor do homem e da criação. É também isto que o vosso estar juntos nos ensina: não deixar que a diversidade crie fendas entre nós! Não pulverizar o diamante do amor, o mais belo tesouro que Deus nos deu”, pediu.
No final da intervenção, o Papa agradeceu aos presentes o trabalho que está a ser feito pela Fundação ‘Età Grande’, que tem como missão garantir os direitos da pessoa idosa e os respetivos deveres da comunidade.
A iniciativa com o nome “A Carícia e o sorriso”, que procurou “promover o diálogo entre as gerações e valorizar a terceira idade no âmbito social e cultural”, contou com a participação de nomes do mundo do espetáculo.
LJ