Papa recebeu Congregação para a Doutrina da Fé

Bento XVI espera que o Dicastério contribua para superar problemas que impedem plena comunhão da Fraternidade São Pio X e de antigos fiéis da Igreja Anglicana

Bento XVI recebeu nesta Sexta-feira os participantes da assembleia plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, liderados pelo seu Prefeito, o cardeal William Levada.

Durante o encontro, o Papa sublinhou que aquele Organismo da Cúria do Vaticano participa, através do seu empenho à fidelidade doutrinal, na tarefa da promoção da unidade da Igreja que é confiada ao Pontífice.

“A unidade é primariamente unidade de fé, apoiada no sagrado depósito, de que o Sucessor de Pedro é o primeiro guardião e defensor. Confirmar os irmãos na fé, mantendo-os unidos na confissão de Cristo crucificado e ressuscitado, constitui para o que está estabelecido na cátedra de Pedro a primeira e fundamental tarefa que Jesus lhe conferiu”.

“A consecução do testemunho comum de fé de todos os cristãos constitui (…) a prioridade da Igreja de cada tempo, para conduzir todos os homens ao encontro com Deus”, afirmou Bento XVI.

Neste contexto, o Papa manifestou a esperança de que o empenho da Congregação para a Doutrina da Fé contribua para superar os problemas doutrinais que impedem a plena comunhão da Fraternidade São Pio X com a Igreja. O mesmo se aplica ao compromisso em favor da plena integração de associações e pessoas que pertenciam à Igreja Anglicana.

O Papa assegurou que estes passos não contrariam o ecumenismo: “A fiel adesão destes grupos à verdade recebida de Cristo e proposta pelo Magistério da Igreja não é de modo algum contrária ao movimento ecuménico, mas mostra, pelo contrário, o seu objectivo último de chegar à comunhão plena e visível dos discípulos do Senhor”.

Moral que decorre da revelação cristã não é exclusivamente confessional

Referindo-se às questões de bioética, Bento XVI recordou a Instrução “Dignitas personae”, publicada em Setembro de 2008 pela Congregação. O documento aborda alguns temas delicados e actuais, como os que dizem respeito à procriação e às novas propostas terapêuticas que comportam a manipulação do embrião e do património genético.

Para Bento XVI, “o valor ético da ciência biomédica mede-se em referência tanto ao respeito incondicionado devido a cada ser humano em todos os momentos da sua existência, como também à tutela da especificidade dos actos pessoais que transmitem a vida”.

O Magistério da Igreja, assinalou o Papa, oferece o seu contributo à formação da consciência não só dos crentes, mas de todos os que procuram a verdade e desejam escutar argumentações provenientes não só da fé, mas também da própria razão. As posições da Igreja relativas à investigação biomédica sobre a vida humana recebem a luz da razão e da fé.

Na sua alocução, Bento XVI lembrou que há conteúdos da revelação cristã que ajudam a esclarecer problemáticas bioéticas, como sejam “o valor da vida humana, a dimensão relacional e social da pessoa, a ligação entre os aspectos unitivo e procriativo da sexualidade”, bem como a “centralidade da família assente no matrimónio de um homem e de uma mulher”.

“Estes conteúdos, inscritos no coração do homem, são compreensíveis também racionalmente como elementos da lei moral natural e podem obter acolhimento mesmo de quem não se reconhece na fé cristã”, explicou.

“A lei moral não é exclusivamente, nem prevalentemente confessional”. Neste sentido, as suas disposições tocam aspectos essenciais da reflexão sobre o direito, interpelando a consciência e a responsabilidade dos legisladores, referiu Bento XVI.

Com Rádio Vaticano

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