Papa: «O doente não deve ser tratado como uma máquina ou parte da engrenagem do sistema de saúde público ou particular»

Alerta deixado hoje por Francisco num encontro com membros da Associação Católica de Agentes de Saúde

Foto: Papa recebeu os membros da Associação Católica de Agentes de Saúde, e respetivas famílias, Vatican Media

Cidade do Vaticano, 17 mai 2019 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje no Vaticano com membros da Associação Católica de Agentes de Saúde, e destacou a necessidade de uma assistência que salvaguarde a dignidade integral dos doentes.

“A cura, entre outras coisas, não passa apenas pelo corpo, mas também pelo espírito, pela capacidade de as pessoas reencontrarem a sua confiança e de reagir; por isso o doente não deve ser tratado como uma máquina, nem como parte da engrenagem do sistema de saúde público ou particular”, frisou Francisco.

A Associação Católica de Agentes de Saúde, que se dedica à promoção cristã dos serviços de assistência e de saúde, assinala este ano quatro décadas de atividade.

Na sua mensagem àqueles agentes, publicada pela sala de imprensa da Santa Sé, o Papa argentino frisou a urgência de continuar a “defender e promover a vida, a partir dos mais indefesos ou necessitados de assistência por serem doentes, idosos ou marginalizados”.

Francisco alertou depois para a transformação que se tem operado nas últimas décadas, dentro do sistema de saúde, em especial a nível dos avanços tecnológicos e científicos, que “colocam cada vez mais problemas de natureza ética” aos profissionais do setor, e também aos doentes e respetivas famílias.

“Embora muitos considerem qualquer possibilidade oferecida pela técnica moralmente viável, na realidade toda a prática médica ou intervenção no ser humano deve ser avaliada com atenção, no sentido de ver se efetivamente respeita a vida e a dignidade humana”, apontou o Papa.

Aqui Francisco referiu-se de modo especial á questão da “objeção de consciência” e ao papel que os médicos e outros profissionais de saúde podem ter na afirmação de um sistema de saúde verdadeiramente humano e responsável.

“A prática da objeção de consciência, em casos extremos nos quais é colocada em perigo a integridade da vida humana, baseia-se na exigência pessoal de não agir de modo incompatível com o próprio convencimento ético, mas representa também um sinal para o ambiente de saúde no qual nos encontramos”, sustentou.

No encontro com os membros da Associação Católica de Agentes de Saúde, o Papa realçou ainda a importância de uma formação não apenas técnica, “de confronto, estudo e atualização”, mas também atenta à espiritualidade.

Uma “dimensão fundamental da pessoa, muitas vezes ignorada nos nossos tempos, mas importante principalmente para os doentes e familiares”, e que deve ser “redescoberta e apreciada”.

Para reforçar a necessidade de uma maior atenção à parte humana e espiritual dos doentes, Francisco recordou o exemplo de Jesus junto dos mais fracos e desprotegidos.

“A humanidade de Cristo é o tesouro inexaurível e a maior escola, da qual temos continuamente o que aprender”, concluiu o Papa.

JCP

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