Papa lembra fundador dos Dominicanos e alerta contra o carreirismo na Igreja

Audiência geral no Vaticano contou com um momento de circo

O Papa considera que o estudo e a vida comunitária em pobreza que marcaram a vida de São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Pregadores, são elementos essenciais para o sucesso da transmissão da mensagem cristã.

Na audiência geral desta Quarta-feira, Bento XVI sublinhou que a vivência daquelas duas dimensões “dá ao pregador a coerência com a verdade de Deus que anuncia”.

Para o Papa, a vida do fundador dos Dominicanos manifesta dois instrumentos favoráveis à santificação: “a devoção mariana, especialmente com a oração do Rosário (…) e a oração pelos frutos do trabalho apostólico”.

São Domingos nasceu em Caleruega (Burgos), em torno do ano 1170. Durante o período reservado à sua formação destacou-se pelo amor ao estudo da Bíblia e pela dedicação aos pobres. Depois de ter sido ordenado foi eleito, ainda muito novo, cónego da Catedral de Osma. O bispo diocesano não tardou a reconhecer o seu valor e enviou-o em missão diplomática ao Norte da Europa.

Dois acontecimentos ocorridos durante a viagem determinaram a vida do santo: por um lado, descobriu que muitos povos não conheciam o Evangelho; por outro, encontrou-se com diversos grupos heréticos, muito disseminados no Sul de França. Juntamente com o seu bispo, São Domingos auxilia o Papa no combate ao erro da perspectiva teológica dos albigenses. Em 1207 estabeleceu a Ordem das Monjas Dominicanas, em Prouille, e no ano de 1215 fundou os Dominicanos, em Toulouse.

Os frades adoptam a antiga regra de Santo Agostinho, estruturam a vida comunitária – composta pela oração e pelo estudo – e dedicam-se à vida apostólica. São Domingos quis que os irmãos desta Ordem mendicante tivessem uma sólida formação teológica, pelo que os manda frequentar as melhores universidades do seu tempo.

“Falar sempre com Deus e de Deus”: eis o ideal de São Domingos, observou Bento XVI. “Uma alegria profunda nasce da contemplação da beleza da verdade que vem de Deus, sempre actual e viva”, acrescentou.

“Neste Ano Sacerdotal – prosseguiu o Papa – convido os padres e os seminaristas a estimar, no seguimento de São Domingos, o valor espiritual do estudo das verdades reveladas, das quais depende a qualidade do seu ministério presbiteral”.

Bento XVI destacou de São Domingos sua renúncia aos privilégios pessoais, frisando que poderia ter conseguido em uma promissora carreira eclesiástica, à qual renunciou, dedicando-se humildemente às tarefas que lhe foram confiadas.

“Não seria talvez uma tentação a da carreira, do poder, uma tentação da qual nem sequer estão imunes aqueles que têm um papel de animação e de governo na Igreja?”, perguntou.

São Domingos de Gusmão morreu na cidade italiana de Bolonha, a 6 de Agosto de 1221, depois de assistir à difusão da Ordem dos Pregadores na Europa. Foi canonizado treze anos mais tarde.

Como habitualmente, o Papa deixou aos peregrinos de língua portuguesa “uma cordial saudação de boas-vindas para todos, com votos de que a vossa visita ao lugar da Confissão de Pedro seja rica de graças e luzes do Alto, que vos ajudem a ser sempre autênticas e incansáveis testemunhas de Cristo”.

No final da audiência, Bento XVI lembrou a celebração dos mártires S. Biagio, Santa Ágata, São Paulo Miki e companheiros japoneses, que acontecem por estes dias, destacando a “coragem destas heróicas testemunhas de Cristo”.

Este encontro com os peregrinos, que decorre na sala Paulo VI, do Vaticano, contou com um momento invulgar, com a actuação de artistas do “Circo Americano”, da família Togni.

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