Bento XVI reforça influência italiana com a escolha do Arcebispo Angelo Amato Bento XVI escolheu como sucessor do Cardeal José Saraiva Martins à frente da Congregação para as Causas dos Santos o Arcebispo italiano Angelo Amato, salesiano de 70 anos que exercia desde 2002 o cargo de secretário da Congregação para a Doutrina da Fé – lugar em que chegou a ser o braço direito do actual Papa. O cargo de secretário da Congregação para a Doutrina da Fé passa, por seu lado, a ser ocupado pelo jesuíta espanhol Luis Ladaria, de 64 anos e professor de teologia da Universidade Gregoriana de Roma, até agora secretário da Comissão Teológica Internacional. A escolha do Papa para a sucessão de D. José Saraiva Martins confirma a crescente influência italiana nos lugares de destaque da Cúria Romana: as últimas quatro escolhas para presidências de Congregações ou Conselhos Pontifícios recaíram em prelados da Itália, substituindo no cargo membros da Cúria originários de outros países. Actualmente, além do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, dois dos presidentes das nove Congregações da Cúria Romana são italianos: o já referido Arcebispo Amato e o Cardeal Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos. As outras Congregações são presididas por um polaco, um brasileiro, um nigeriano, um norte-americano, um indiano, um esloveno e um argentino. A estes três Cardeais italianos juntam-se o Cardeal Attilio Nicora, presidente da Administração do Património da Sé Apostólica; o Arcebispo Velasio De Paolis, presidente da Prefeitura dos Assuntos Económicos da Santa Sé e o Cardeal Giovanni Lajolo, presidente do Governatorato da Cidade do Vaticano. A tendência acentua-se no caso dos Conselhos Pontifícios: o Cardeal Renato Martino é presidente de dois e a ele somam-se o Cardeal Ennio Antonelli e os Arcebispos Francesco Coccopalmerio, Gianfranco Ravasi e Claudio Maria Celli. As outras cinco presidências cabem a dois alemães, um mexicano, um francês e um polaco. Nos próximos meses é possível que se venha a assistir a mais mudanças na Cúria, dado que cinco Cardeais têm já mais de 75 anos: Francis Arinze, Javier Lozano Barragán, Walter Kasper, Renato Martino e James F. Stafford. Esta idade é o limite estabelecido pelo Direito Canónico para exercer os seus cargos e o Papa poderá aceitar a sua renúncia a qualquer momento. Em causa estão as presidências de um Tribunal, quatro Conselhos Pontifícios e uma Congregação da Cúria Romana, o conjunto dos dicastérios e dos organismos que coadjuvam o Papa no exercício da sua missão.