Papa condena «tragédia horrenda» do Holocausto

Bento XVI visita memorial das vítimas em cerimónia carregada de simbolismo, condenando correntes negacionistas Bento XVI prestou homenagem à memória dos milhões de judeus mortos na “tragédia horrenda da Shoah”, na visita ao mausoléu do Yad Vashem de Jerusalém, em memória das vítimas do Holocausto. O Papa deixou votos para que este sofrimento “não seja nunca negado, diminuído ou esquecido”. A todas as pessoas de boa vontade, pediu que vigiem para “erradicar do coração do homem tudo o que seja capaz de levar a tragédias semelhantes a esta”. Numa cerimónia carregada de simbolismo, o Papa lembrou que estas pessoas “perderam a vida, mas não perderam o seu nome, que está inscrito no coração dos que lhes são queridos, dos seus companheiros de prisão”. “O seu nome, em particular e sobretudo, está inscrito de forma indelével na memória do Deus omnipotente”, acrescentou, condenando os que tecem uma “insidiosa rede de mentiras para convencer os outros de que certos grupos não merecem respeito”. O Papa pediu que “nunca mais semelhante horror possa desonrar a humanidade”. Bento XVI agradeceu a oportunidade de ter estado em “silêncio” neste local para “recordar”, para rezar e para “esperar”. O discurso papal começou com a citação do Livro de Isaías que dá nome ao local: “dar-lhes-ei, no meu templo e dentro das minhas muralhas, um memorial e um nome mais valioso que os filhos e as filhas; dar-lhes-ei um nome eterno que não perecerá” (Is 56, 5). À chegada, Bento XVI foi recebido por Shimon Peres, pelo presidente do Conselho do Yad Vashem, Rabino Israel Meir Lau e pelo director do Museu do Holocausto, Avner Shalev. Tal como aconteceu em 2000, com João Paulo II, a visita decorreu na Sala da Memória, em homenagem das seis milhões de vítimas judaicas, onde teve lugar uma cerimónia memorial. Este foi um momento marcado pelos gestos do Papa, que avivou a chama eterna que arde no Yad Vashem, depôs uma coroa de flores brancas e amarelas, ouviu o texto da identificação (que lembra as vítimas e explica o sentido da chama), para além de uma carta de uma das vítimas e uma oração pelas almas, tendo saudado sobreviventes do Holocausto e um “justo entre as nações”, que ajudou judeus a fugirem da perseguição nazi. Junto da chama estão escritos o nome dos 22 campos de extermínio. Neste espaço, em forma de tenda, encontram-se ainda as cinzas de algumas das vítimas dos fornos crematórios. Para lembrar as cerca de 1,5 milhões de crianças assassinadas nas câmaras de gás, mais de uma centena de espelhos reflectem a luz de 5 velas. O memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto foi estabelecido em 1953 pelo Parlamento de Israel. Localizado no sopé do Monte Herzl, no Monte da Recordação (Har HaZikaron), em Jerusalém, o Yad Vashem é um complexo de cerca de 18 hectares que contém o moderno Museu da História do Holocausto, vários memoriais – como o Memorial das Crianças e a Sala da Memória -, o Museu de Arte do Holocausto, esculturas, lugares comemorativos ao ar livrea sinagoga, arquivos, um instituto de pesquisa, biblioteca, uma editora e um centro educacional. Os não-judeus que salvaram judeus durante o período do Holocausto, colocando em risco as próprias vidas, são honrados pelo Yad Vashem como “Justos entre as Nações”, num jardim.

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