Papa atento aos flagelos da pobreza, da SIDA e da guerra

Bento XVI manifestou hoje a sua preocupação perante os flagelos da pobreza, da SIDA e da guerra que atingem a população mundial, em especial os mais pobres. “O ano que se está a concluir teve numerosos conflitos nos vários continente”, lamentou o Papa, ao receber no Vaticano os novos embaixadores da Síria, Uganda, Quirguistão, Dinamarca, Lesoto e Moçambique. Perante o crescimento de “focos de tensão que não param de se desenvolver, fazendo grande número de vítimas”, Bento XVI pede o compromisso de todos os líderes políticos em favor da paz, assegurando a Santa Sé segue com preocupação estas situações que colocam em risco a sobrevivência de muitas populações. O Papa condena o facto de se “colocar o fardo do sofrimento e da falta dos bens mais essenciais sobre os mais pobres”. Após ter lembrado que é dever das autoridades “escutar o próprio povo, procurando as soluções mais apropriadas para responder às situações de desemprego e pobreza”, Bento XVI frisou que “a procura da paz, da justiça e do entendimento cordial entre todos deve ser um dos objectivos prioritários” da acção diplomática, “exigindo das pessoas que exercem responsabilidades uma atenção às realidades concretas do país, procurando suprimir tudo aquilo que se opõe á equidade e à solidariedade, a começar pela corrupção e a falta de partilha dos recursos económicos”. Abstinência e fidelidade No discurso que dirigiu ao representante do Lesoto, Bento XVI falou sobre a “praga da SIDA que atinge milhões de pessoas no continente africano, levando a sofrimentos inenarráveis para as populações”. Nesse sentido, o Papa assegurou “o compromisso da Igreja Católica para fazer todos os possíveis para levar ajuda aos que são atingidos por esta cruel doença”. Bento XVI disse que para acabar com a epidemia da SIDA o melhor caminho é “a fidelidade matrimonial e a castidade”, acrescentando que “é de vital importância comunicar a mensagem de fidelidade matrimonial e de abstinência fora do matrimónio para evitar a infecção”. O Papa falou sobre a difusão do HIV também com a nova embaixadora do Uganda, a princesa Elizabeth Bagaya. “A colaboração entre a Igreja e a sociedade civil levou a enormes benefícios no Uganda, principalmente nas áreas da educação, medicina e na luta contra a SIDA. As estatísticas no país comprovam a eficácia de uma política pública baseada na abstinência sexual e fidelidade matrimonial”, referiu. “Espero sinceramente que o povo ugandês possa continuar a prestar atenção e fortalecer o nosso apoio”, apontou. Sobre este país, o Papa falou ainda da crise que se vive a Norte, onde a “violência prolongada” tem provocado efeitos trágicos sem que a comunidade internacional preste “a devida atenção à grave crise humana que afecta mais de um milhão de pessoas”. Bento XVI disse também que “os valores que provêm de uma autêntica compreensão do matrimónio e da família constituem o único fundamento seguro para uma sociedade estável”. Falando ao representante da Dinamarca, o Papa frisou que, apesar de a comunidade católica no país ser pequena, esta quer cooperar com os outros cristãos para a construção de boas políticas sociais, em especial no que diz respeito “ao papel essencial da família fundada no matrimónio, à educação das crianças, ao respeito pelo dom divino da vida desde a concepção até à morte natural e à guarda responsável do meio ambiente”. Convivência entre religiões Ao representante da Síria, o Papa falou da importância da “convivência pacífica entre as várias religiões”, dando este país como um exemplo de tolerância. Apesar disso, apelou ao “reconhecimento jurídico” da comunidade católica local e à devolução de bens confiscados pelo Estado. Lembrando os conflitos armados que ameaçaram, recentemente, a paz e a estabilidade no Médio Oriente, Bento XVI sublinhou que “a Santa Sé defende que as soluções só são possíveis no âmbito do direito internacional”. Com o representante do Quirguistão, o Papa acenou aos tempos da “intimidação na história da Ásia Central”, quando os fiéis das várias religiões neste país sentiam o desejo de “liberdade e justiça”. Hoje, referiu, esse anseio concretiza-se “na tolerância demonstrada em relação às religiões e comunidades étnicas”, destacando a importância desta atitude num país que tem “uma posição geográfica única como cruzamento cultural”.

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