Papa apela à negociação para a paz na região dos Grandes Lagos

Bento XVI enviou uma mensagem aos representantes presentes na II Cimeira da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, defendendo que as únicas alternativas “racionais e humanas” à guerra são a negociação e o diálogo. Num texto enviado, em nome do Papa, pelo Secretário de Estado do Vaticano, pode ler-se que são necessárias “medidas concretas que, de forma decisiva, desencorajem o recurso à violência”. A região dos Grandes Lagos é afectada pela pobreza extrema, fácil acesso a armamentos e deslocamentos humanos provocados por refugiados. Duramente marcada por conflitos regionais, esta região não tem podido usufruir dos seus vastos recursos naturais e humanos, pelo que Bento XVI espera que “uma paz estável e genuína” possa ajudar estes países a “ultrapassar as suas dificuldades presentes”. Neste encontro tomaram parte os Chefes de Estado e de Governo de 11 países da Região, bem como de outros Estados limítrofes e países amigos. A Santa Sé participou com uma delegação chefiada pelo Núncio Apostólico no Quénia, D. Luigi Travaglino, na qualidade de enviado especial. Os 11 países africanos da região dos Grandes Lagos assinaram no passado dia 15 um pacto em que afirmam respeitar os princípios da não agressão, soberania, integridade territorial e não ingerência nos assuntos internos de outros Estados, noticia a Lusa. O Pacto sobre a Segurança, Estabilidade e Desenvolvimento destina-se a promover a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico nesta região africana, devastada por décadas de conflito armado. O texto, assinado pelos chefes de Estado ou de governo de Angola, Burundi, República Centro-Africana, República do Congo, RDCongo, Quénia, Ruanda, Sudão, Tanzânia, Uganda e Zâmbia, é composto por dez protocolos vinculativos e quatro programas de acção. Foi ainda assinado um Protocolo de Não Agressão na região dos Grandes Lagos e um outro contra a exploração ilegal de recursos naturais. Bento XVI lembra que as populações da Região “sofreram demasiado e por tempo a mais”. Relativamente ao Pacto sobre a Segurança, Estabilidade e Desenvolvimento, o Papa refere que a sua realização “irá requerer de todos os envolvidos – autoridades e cidadãos – generosidade, coragem e perseverança”. Os Bispos da Associação dos Membros das Conferências Episcopais da África Oriental (AMECEA) manifestaram, por seu lado, grande satisfação perante os resultados da Conferência. “Inspirados pela mensagem do Santo Padre, estamos profundamente convencidos de que a nossa região necessita de uma paz duradoura, de segurança, de estabilidade política e de um desenvolvimento sustentável”, referem. Os Bispos pedem aos líderes da região que “garantam uma justa distribuição dos recursos e prevejam e previnam as situações negativas futuras”.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top