Religiosas foram retiradas da Casa Provincial, por causa do incêndio, e já regressaram ao edifício
Palmela, 15 jul 2022 (Ecclesia) – A superiora provincial das Irmãs da Apresentação de Maria em Portugal disse hoje que as religiosas já regressaram à Quinta da Boa Vista, na Baixa de Palmela, depois de terem sido retiradas do edifício, por causa do incêndio desta quarta-feira.
“Fomos retiradas antes de o fogo atingir a nossa montanha, ainda estava do outro lado de Palmela. A Proteção Civil e a GNR disseram que tínhamos de sair antes que fosse tarde, para não partirmos com stress, até porque temos as irmãs mais idosas, algumas acamadas, na Casa Provincial. Foram muito atenciosos, muito cuidadosos”, explica a irmã Fernanda Pereira, em declarações à Agência ECCLESIA.
A responsável destaca que “está tudo bem” e manifestou a sua gratidão às entidades civis e religiosas, “porque houve uma grande solidariedade de toda a gente”.
As religiosas começaram a regressar à Quinta da Boa Vista na manhã de quinta-feira, primeiro “as irmãs que tinham melhor mobilidade” e, ao fim do dia, já estavam todas em casa, com a ajuda da Cruz Vermelha.
Cerca de 30 moradoras estão na Casa Provincial e “mais de metade são idosas e acamadas” – a mais velha vai fazer 103 anos de idade -, para além da comunidade de formação, embora as três jovens estejam em Soutelo, a fazer exercícios espirituais.
O incêndio que deflagrou esta quarta-feira à tarde em Palmela, no distrito e Diocese de Setúbal, chegou aos terrenos da quinta da congregação, mas não atingiu nenhuma habitação ou estrutura de apoio, nem mesmo “uma capelinha de Santo António, muito antiga e muito querida às pessoas”, num local onde “o fogo devorou tudo à volta”.
“Havia helicóptero sempre muito atento, a deitar água. ao longo de todo o dia os bombeiros estiveram aqui à volta, com o trator, a abrir caminhos na serra, do lado esquerdo já é zona protegida da Serra da Arrábida, e estiveram também os da Conservação da Natureza. E permaneceram esta noite de prevenção, como ainda havia fumo podia haver um reacendimento, com o muito calor, mas ficamos descansadas”, relatou a irmã Fernanda Pereira.
A responsável destaca que foi “tudo feito com muita calma”, tendo todas seguido para a Casa de Nossa Senhora da Saúde, um lar de crianças e jovens em Setúbal, administrado pelas Irmãs da Apresentação de Maria, onde dormiram de 13 para 14 de julho.
“Uma das coisas que disseram foi ‘Pedrógão nunca mais pode acontecer’. Esse cuidado de primeiro salvar as vidas, e o fogo ainda não tinha atingido o nosso lado da serra, mas disseram que era melhor porque se o vento muda, e foi o que aconteceu. Eles foram extraordinários, as irmãs saíram calmamente, sem stress”, desenvolveu.
A irmã Fernanda Pereira admite que queria ficar na Quinta da Boa Vista, mas as autoridades pediram que “fechasse as portas”.
“Estávamos atentas, nestes momentos, temos de ter sangue-frio, e as irmãs, como pessoas de fé, estavam a fazer o papel delas”, acrescenta.
“Este guardar a casa não é só a casa material, é guardar espiritualmente, mas, neste caso, acho que esta jaculatória nunca teve tanto sentido. E faz hoje dois meses que a nossa fundadora, Maria Rivier, foi canonizada e então multiplicavam ainda mais a oração”, conclui.
No contexto do incêndio em Palmela, o administrador diocesano de Setúbal, o padre José Lobato, publicou uma mensagem onde expressou o “pesar pelas perdas” e agradeceu o trabalho dos “destemidos e generosos bombeiros” para “acudir aos que eram ameaçados pelas chamas”, com um “agradecimento muito especial” a quem auxiliou as Irmãs da Apresentação de Maria.
CB/OC