Padres serão poucos se leigos não se envolverem

Simpósio do Clero começa esta terça-feira em Fátima, com 440 inscritos

Lisboa, 03 set 2012 (Ecclesia) – Os padres católicos em Portugal não chegarão para as solicitações e atingirão o limite das suas capacidades se os leigos não participarem mais na vida da Igreja, frisou hoje o secretário da comissão episcopal responsável pelas vocações.

“Se atendermos às exigências e aos desafios das nossas comunidades, que por vezes tornam preponderante a questão dos sacramentos, então não temos padres suficientes, até porque deixámos de ter um sacerdote por paróquia, como era tradicional”, afirmou o padre Emanuel Silva à Agência ECCLESIA.

O sacerdote da Diocese de Portalegre-Castelo Branco considera que “se o padre não souber trabalhar em Igreja será uma pessoa mais cansada” e que corre o risco de chegar à “síndrome do limão espremido”, que ocorre quando “já não tem mais nada para dar”.

“A vivência da Igreja faz um apelo a que o padre não seja um homem cansado. Os ministérios, o compromisso laical e a organização das comunidades contribuem para que o sacerdote faça bem o que lhe é próprio”, sublinha o padre Emanuel Silva, que em abril foi designado secretário da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios.

Em contrapartida haverá “padres suficientes” se a missão da Igreja contar com a participação de “todos os leigos e ministérios”, apontou o responsável, que está a ultimar os preparativos do 7.º Simpósio do Clero, que começa esta terça-feira em Fátima.

A iniciativa, dedicada ao tema ‘O Padre, Homem de Fé – do Mistério ao Ministério’, conta com 440 inscritos de várias dioceses, revelou o sacerdote de 45 anos.

No entender do padre Emanuel Silva a “grande dificuldade” para o clero é o facto de a cultura atual “procurar mais a sensação do que a caminhada, mais as soluções imediatas do que os projetos”.

“A valorização do transitório leva a que muitas vezes se reduza a vida ao sabor dos momentos, em vez de os situar num horizonte mais alargado”, salientou, acrescentando que o número de candidatos ao sacerdócio depende da disponibilidade pessoal “para comprometer a vida para sempre, o que é quase anacrónico nos dias de hoje”.

O papel do padre na sociedade portuguesa será tanto mais relevante quanto o sacerdote não deixar de agir segundo a “fraternidade, a verdade e a justiça”, contribuindo para que as consequências destas disposições se tornem “existencialmente presentes”.

O simpósio, que termina na sexta-feira, inclui a participação da cantora Teresa Salgueiro, antiga vocalista do grupo Madredeus: “o convite pretende tomar o pulso ao mundo em que vivemos, em termos do que é que se compreende por ministério e quais são as inquietações atuais das pessoas”.

O padre Emanuel Silva explicou ainda que o objetivo da conferência ‘Olhares sobre o padre no cinema’, que vai ser proferida por Margarida Ataíde, pretende devolver aos participantes a imagem do sacerdote na Sétima Arte.

O responsável espera que o encontro constitua um “momento de paragem para revitalizar” o clero e revelou que vai ser realizado um Fórum Vocacional no fim de outubro.

RJM

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top