Ordem de Santiago revisitada

Na Igreja Paroquial de Alcochete, no dia 24 de Junho, decorreu o lançamento do livro “A Ordem de Santiago e o Papado”, numa edição daquela comunidade, e que constitui a Tese de Mestrado do autor, o Pe. Carlos Russo, defendida na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Na Igreja estiveram muitos paroquianos e amigos do sacerdote, pároco daquela vila, e que ouviram Isabel Cristina, uma das estudiosas de referência no estudo da arqueologia em Portugal, exaltar a qualidade da obra agora lançada, referindo-se ao autor como uma «figura da cultura», que demonstra um grande interesse pela investigação histórica. A estudiosa referiu ainda como ponto muito positivo o facto de «o autor mostrar como fez a pesquisa, através da identificação criteriosa das suas fontes, permitindo que outros façam de novo, a partir delas, outras pesquisas», salientou. Na tese, o autor procura caracterizar as relações da Ordem de Santiago, durante o Mestrado de D. Jorge de Lencastre, filho natural de D. João II, o último período antes da Ordem ser assimilada pela Coroa, com a santa Sé, nomeadamente no que diz respeito à normativa da Ordem e aos documentos diplomáticos, numa estratégia de engrandecimento, mas também de correcção de abusos e costumes, o que, no entender do autor, constitui um esforço precursor da própria Reforma Católica, feita só alguma décadas mais tarde, no Concílio Ecuménico de Trento, como foi o caso do papel dos leigos na Igreja. Com a consulta sistemática dos documentos existentes no Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, ao que se juntou, ainda, uma pesquisa nas Bibliotecas Nacional e da Ajuda, o Pe. Carlos Fernando Russo Santos apresenta uma obra com todo o interesse para o alicerçar de um dos mais importantes segmentos da história das Ordens Militares, trazendo, também, ao nosso conhecimento algumas interpretações bem fundamentadas dos temas em causa formuladas a partir da sua condição de homem da Igreja, facto que, como se compreenderá, enriquece sobremaneira a caracterização destas instituições no período tardo medievo. O autor da obra referiu, na sua intervenção, que «a Ordem de Santiago foi de fulcral importância no Sul do país, pois a sua existência como ordens militares religiosas fez com que, para além de conquistar e defender o território, terem criado aí núcleos cristãos de evangelização. O Padre Carlos Russo confessou que se dedicou muito às suas fontes através de pesquisas em vários locais em nacionais e internacionais, como o Vaticano e Cambridge, criticando ainda o Ministério da Cultura por não ter uma organização eficiente, que facilite o trabalho dos investigadores, e por deixar sair do país, sobretudo em leilões, documentos antigos, cuja ausência dificulta grandemente a investigação histórica séria. Esta tese, nas palavras do autor, é «sobretudo um subsídio documental» que para no futuro alguém interessado possa ter acesso fácil a esta documentação. Com um custo de 10 Euros, o livro vai servir também para ajudar a custear as obras de alargamento das salas de catequese da paróquia de Alcochete, que está em constante crescimento. BML

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