ONU: «Tirar partido da pandemia para uma retoma mais justa, verde e sustentável» é o programa de António Guterres

No segundo mandato à frente das Nações Unidas, o secretário-geral pede que «jovens, setor privado, sociedade civil e cidades» se sentem à mesa como novos atores porque «inspirar esperança é missão comum»

Nova Iorque, 18 jun 2021 (Ecclesia) – António Guterres tomou hoje posse como secretário-geral das Nações Unidas, no segundo mandato, e afirmou o seu esforço para uma organização “mais transparente e responsável” e pediu para se tirar partido da pandemia rumo a uma retoma “justa, verde e sustentável”.

“Temos de nos esforçar por umas Nações Unidas mais em linha e integradas nos vários pilares da organização mundial. Uma ONU que seja transparente e responsável, uma ONU que disponibilize mais eficazmente o seu conjunto de dados, a sua capacidade analítica, os desenvolvimentos políticos e normativos, assim como o seu envolvimento operacional no espírito da criatividade e abertura”, afirmou no discurso perante a assembleia das Nações Unidas que lhe conferiu um segundo mandato como secretário-geral, com início a 1 de janeiro 2022 até 31 de dezembro de 2026.

António Guterres assumiu que os últimos 18 meses foram únicos na história das Nações Unidas, provocados pelo impacto da pandemia da Covid-19, “que continua a semear grande sofrimento” no mundo mas destacou que se deve tirar partido da crise.

“O nosso maior desafio e ao mesmo tempo a nossa maior oportunidade é tirar partido desta crise para inverter essa situação e evoluir para um mundo que aprenda as lições e consiga uma retoma justa, verde e sustentável, que mostre o caminho para uma cooperação internacional acrescida e eficaz para responder aos problemas mundiais”, sugeriu.

Perante uma “encruzilhada”, num momento em que se “escreve a história com as escolhas que se fazem”, o secretário-geral da ONU aponta dois caminhos: “podemos falhar e ter uma crise perpétua ou podemos avançar e ter uma perspetiva de um futuro mais verde, mais seguro para todos”.

“A pandemia mostrou a nossa vulnerabilidade partilhada, a nossa interligação e a necessidade absoluta de ação coletiva. Sentimos um novo momento em todo o lado, de um compromisso para nos unirmos e delinearmos esforços para um futuro melhor. Prometo-vos que farei tudo o que estiver ao meu alcance, neste segundo mandato”, sublinhou.

António Guterres reconheceu que servir as Nações Unidas tem sido um privilégio imenso e o “dever mais nobre”, assumiu-se como um “multilateralista empenhado mas também um português orgulhoso” e afirmou que sempre entendeu a sua ação como “serviço público”.

Perante “muitas alavancas de mudança em muitas mãos”, António Guterres quer trazer novos atores para a mesa de negociações pois, considera, que só trabalhando em conjunto se pode criar “o bem comum”, com a ONU a ter “um papel catalisador” rumo à “inovação, cooperação e inclusão”.

“A sociedade civil, as cidades, o setor privado, os jovens, só para referir alguns, são vozes críticas que têm de ser ouvidas num contexto de verdadeira igualdade de género. Eles têm capacidades e ideias essenciais que temos de aproveitar se quisermos forjar um caminho para uma paz melhor e um futuro mais próspero”, assumiu.

António Guterres afirma ser o momento de “evoluir melhor para uma agenda comum” de forma a “responder aos desafios futuros”.

“Tiremos partido desse momento juntos. Num mundo que mudou tanto, a promessa, o princípio e os valores da Carta das Nações Unidas, assinada em 1975, mantêm-se mas também temos de trabalhar juntos, de forma diferente, para manter as promessas vivas”, indica.

Na tarefa de “configurar as opões politicas dos Estados através do trabalho dos seus atores”, António Guterres afirma que “inspirar esperança é uma missão comum”.

“Apesar de todas as diferenças e de tudo o que nos divide, conseguimos encontrar objetivos comuns, resolver problemas comuns e embarcar num processo de reforma no desenvolvimento nas áreas da segurança e da paz. Esta reforma equipa-nos melhor para enfrentar a crise atual”, sustenta.

No segundo mandato, o secretário-geral da ONU fala em “Nações Unidas 2.0”.

“Temos de acelerar as transformações para conseguirmos um quinteto de mudanças nos próximos anos: melhores dados, análise de comunicações, transformação e inovação digital, perspetiva estratégica, um melhor desempenho e orientação para os resultados, uma cultura de trabalho que reduza a burocracia desnecessária, simplifique e promova o trabalho de colaboração”, indica.

LS

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Agência ECCLESIA

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