ONU: Cáritas Internacional pede que dignidade da pessoa humana esteja «no centro das políticas alimentares»

Organização lembra que interesses económicos impedem um sistema com «valores do bem-comum, da solidariedade e da cultura do encontro»

Roma, 22 set 2021 (Ecclesia) – A Confederação internacional da Cáritas pede que a dignidade da pessoa humana esteja “no centro de todas as políticas alimentares”, numa mensagem à Cimeira sobre Sistemas Alimentares da ONU, que começa esta quinta-feira, em Nova Iorque.

“As políticas alimentares em todos os níveis devem considerar os sistemas alimentares de forma holística, abordando as causas e impactos da insegurança alimentar na sua inter-relação, e promover a inclusão e participação dos mais vulneráveis”, lê-se no texto, enviado hoje à Agência ECCLESIA.

A ‘Cáritas Internationalis’ sustenta que transformar os sistemas alimentares, “para garantir um futuro justo e sustentável para todos”, exige enfrentar as “causas profundas da insegurança alimentar”, ouvindo e envolvendo os pobres, os que permanecem fora das discussões entre líderes políticos e poderosos atores económicos, “aqueles que são esquecidos e ignorados”.

A organização católica recordou a “poderosa mensagem” do Papa Francisco à pré-cimeira sobre Sistemas Alimentares, realizada em julho, na sede da organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma.

“Os interesses económicos impedem-nos de criar um sistema alimentar que corresponda aos valores do bem-comum, da solidariedade e da ‘cultura do encontro’”, escreveu Francisco.

Segundo o comunicado para a Cimeira sobre Sistemas Alimentares da ONU a insegurança alimentar e a desnutrição “estão a aumentar, agravadas por várias crises humanitárias”, quando o mundo luta para sair da pandemia Covid-19 e da fome.

A ‘Caritas Internationalis’ incentiva que “todas as discussões e decisões” sobre os sistemas alimentares mundiais sejam tomadas em instituições “legítimas, multilaterais, baseadas nos direitos humanos e responsáveis” – como o Comité das Nações Unidas sobre Segurança Alimentar Mundial – e devem incluir as comunidades locais.

Para a confederação, um consumo mais responsável de alimentos “também é necessário para um propósito de justiça”, e alerta para a proteção da Casa Comum, destacando a “importância da ciência para cuidar da Terra”.

A partir da‘Laudato Si’, encíclica do Papa Francisco, os responsáveis católicos pedem aos líderes mundiais e decisores políticos para ouvirem “o clamor da terra e o clamor dos pobres” e destacam três pontos de ação, a transformação dos “sistemas alimentares de forma holística”.

“Combatendo as causas profundas da insegurança alimentar e promovendo a inclusão e a participação dos mais afetados e vulneráveis, como os pequenos agricultores, nos espaços legítimos”, acrescentam.

A Cáritas apela a “preservar e incentivar os sistemas alimentares locais”, investindo urgentemente na agricultura de base comunitária, e para investirem também na agroecologia como “principal pilar dos sistemas alimentares através de programas públicos com financiamento adequado”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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