O Papa dá voto de confiança aos Bispos norte-americanos

João Paulo II deu hoje um voto de confiança à Igreja Católica nos EUA, abalada pelos escândalos de abusos sexuais envolvendo o clero, assegurando que mesmo nos tempos difíceis “pode-se aprender a superar a crise e a trabalhar para a reconciliação e a renovação”. “O nosso encontro acontece num momento difícil da história da Igreja nos EUA”, reconheceu o Papa, enquanto falava a um grupo de Bispos norte-americanos, provenientes de Atlanta e Miami, recebidos no Vaticano. O líder da Igreja Católica declarou-se esperançado de que “ a boa vontade demonstrada pelos Bispos dos EUA na tomada de consciência e na resolução dos erros e falhas do passado” ajudará o episcopado a aprender e a se revelará fundamental no caminho da “reconciliação e renovação” da Igreja norte-americana. “Muitos de vós já me falaram do sofrimento causado pelo escândalo dos abusos sexuais nos últimos 2 anos e da necessidade urgente de recuperar a confiança e de promover a santidade entre os Bispos, padres e leigos do vosso país”, disse. Para João Paulo II, contudo, o actual momento, “visto com os olhos da fé, é também um momento de esperança. O Papa começou esta semana a receber em audiências privadas os Bispos dos Estados Unidos, que realizam a sua visita “ad Limina”. Ao longo dos próximos 10 meses, a vida da Igreja Católica nos EUA vai ser passada em revista, naquela que é a análise mais exaustiva da situação desde que rebentou o escândalo nacional de abusos sexuais, há dois anos. Mais de 4.000 padres norte-americanos foram considerados culpados de abusos sexuais a menores entre 1950 e 2002, segundo um relatório da Conferência episcopal dos Estados Unidos, divulgado no mês de Fevereiro. O relatório sobre o envolvimento de padres e diáconos em casos de pedofilia refere-se ao período entre 1960 e 1984 e foi elaborado pelo Instituto de Criminalística John Jay College, de Nova Iorque. A investigação concluiu que, nos últimos 50 anos, 4392 padres e diáconos foram acusados da prática de pedofilia, número que corresponde a cerca de 4% do clero dos EUA. Na sequência da crise gerada pelos escândalos sexuais, o Vaticano começou a destacar o papel do Arcebispo metropolitano e o seu papel como monitor das Dioceses “sufragâneas” – ou dependentes. Nestas visitas, os Arcebispos voltarão a ser aconselhados a comunicar, imediatamente, qualquer irregularidade ou insuficiência no tratamento de situações de risco.

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