«Novas Conversas»: Guilherme Portela e a hospitalidade possível em tempos de pandemia (c/vídeo)

Jovem hospitaleiro fala da «loucura positiva que é o amor»

 

Lisboa, 02 fev 2021 (Ecclesia) – Guilherme Portela, secretário da Juventude Hospitaleira, era bebé e já “andava pelas casas de saúde da Ordem Hospitaleira, uma ligação que marca a sua vida até hoje.

“Os meus pais fizeram parte do movimento até aos 30 anos e quando eu e a minha irmã nascemos, fomos vivendo sempre nesta hospitalidade”, refere o convidado de hoje das ‘Novas Conversas’, promovidas pela Agência ECCLESIA.

A hospitalidade é o carisma de vida e de ação posto em prática pelos Irmãos de S. João de Deus e pelas Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, nas diversas casas de saúde que têm espalhadas pelo território nacional.

Cedo descobriram a importância de abrirem o seu modo de vida às novas gerações e, nos finais dos anos 70, os jovens começaram a fazer campos de férias nas estruturas de apoio à doença mental.

O sucesso foi tal que em 1988 surge o movimento católico da Juventude Hospitaleira.

Os pais do Guilherme também fizeram este caminho e integram hoje o grupo das famílias hospitaleiras.

“Tanto eu como a minha irmã, recebemos cedo, dos nossos pais, os valores da hospitalidade”, afirma Guilherme Portela, para quem há ainda um caminho longo para atenuar o tabu em torno da doença mental.

“A sociedade continua a esconder a doença mental e esta é uma realidade pouco conhecida dos jovens” sublinha.

O entrevistado admite que o primeiro contacto não é fácil: “Apesar de ter ido muito cedo para as casas de saúde, levado pelos meus pais, recordo que nos primeiros tempos a diferença destas pessoas me fazia alguma confusão”.

Guilherme lembra que o receio inicial desaparece nos primeiros encontros.

Estas pessoas são diferentes, mas eu também sou diferente dos meus amigos, e depois descobrimos o que são pessoas que nos têm uma grande amizade e acabamos por estabelecer uma relação forte com todos os utentes destas casas”.

Guilherme Portela, é hoje um dos secretários da Juventude Hospitaleira que, com a pandemia teve de adaptar a sua forma de ação e presença junto dos doentes.

“Eles sentem muito a nossa falta, estão sempre a perguntar quando é que vêm os jovens”, observa.

“Não tem sido fácil, mas temos tentado trazer os doentes para as nossas atividades online para que eles participem. É muito gratificante ver a alegria nas caras deles quando nos olham mesmo através de um computador”, acrescenta.

Para além do contacto com os utentes das Casas de Saúde da Ordem Hospitaleira, estes jovens têm aprofundado outras dimensões.

“As plataformas trouxeram uma globalidade e um companheirismo que antes não tínhamos noção. Numa semana conhecemos quase a totalidade dos jovens hospitaleiros, mesmo de outras partes do mundo” afirma Guilherme Portela.

Entretanto são várias, as atividades levadas a cabo pela Juventude Hospitaleira. Basta aceder ao seu perfil no Facebook para perceber que o calendário é intenso; por aqui, já se prepara o Carnaval que vai durar vários dias, de 12 a 16 de fevereiro.

“Vai ser uma ocasião de festa em que voltaremos ao contacto digital com os doentes e também a oportunidade para uma partilha de oração e momentos de amizade entre todos”, indica o secretário da Juventude Hospitaleira.

Este movimento de jovens procura fazer a diferença numa sociedade que olha a diferença com desconfiança e ainda chama loucos aos doentes mentais.

“A loucura que nos interessa é a do amor, a loucura pela hospitalidade que me leva ao outro”, lembra o Guilherme.

Deste o início do ano, que as ‘Novas Conversas na Ecclesia’ trazem a palavra e o agir dos jovens nos diversos campos de atividade, e apostados em construir uma realidade de vida mais humana e solidária.

HM/OC

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