Nova igreja atraiu milhares

Ritual cheio de simbolismos marcou celebração que fica para a história do Santuário O Santuário de Fátima viveu na passada Sexta-feira um dia especial com a dedicação da igreja da Santíssima Trindade, uma celebração que segue uma prática muito antiga nos ritos litúrgicos, tanto do Oriente como do Ocidente. O rito da dedicação começou com a entrada na igreja, em procissão desde a Capelinha das Aparições, acompanhada pela imagem de Nossa Senhora. Foi o Bispo de Leiria-Fátima quem abriu a porta principal, apresentada como símbolo de Cristo. No início da peregrinação internacional da Outubro, que encerra as comemorações dos 90 anos das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, D. António Marto lembrou que a Mensagem de Fátima, no seu núcleo, “é um convite a reconduzir para o centro da vida cristã e do mundo a adoração de Deus, do seu primado salvífico, numa das maiores crises da história mundial”. O Bispo local deu especial destaque à inauguração e dedicação da nova igreja que, “com a sua denominação e toda a sua simbólica, dá corpo visível a esta dimensão da Mensagem e que perdurará no tempo como um Hino à Santíssima Trindade e ao seu Amor compassivo e misericordioso”. Após a abertura da porta e a entrada da imagem de Nossa Senhora, sublinhada por uma salva de palmas, o Reitor do Santuário apresentou algumas linhas para a leitura do edifício. Destaque para a imagem totalmente branca de Nossa Senhora de Fátima, em mármore de Carrara, que se apresenta com os braços abertos e foge à iconografia habitual – visível na imagem da Capelinha. Dos ritos na entrada na nova igreja sobressai a sua entrega ao Bispo local pelos representantes daqueles que trabalharam para a construção. Este gesto decorreu junto do altar, onde D. António Marto acolheu, entre outros, responsáveis do Santuário, da Somague (construtora), o Arquitecto Alexandros Tombazis e os projectistas, bem como D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo da Diocese quando a construção se iniciou. Coube ao Arquitecto Erich Corsepuis, director do Serviço de Ambientes e Construções do Santuário, entregar as chaves da igreja a D. António Marto. Seguiu-se a aspersão da igreja: o presidente da celebração benze a água e com ela asperge o povo, o altar e o ambão. “Com o presente rito da dedicação, esta Igreja torna-se o trono da divina graça onde poderá alcançar misericórdia quem dele se aproximar confiadamente à procura de um auxílio oportuno”, disse, na sua homilia, o Cardeal Bertone. Depois da homilia e das ladainhas, teve lugar propriamente o rito da dedicação. Dedicação Como explica o ritual para estas cerimónias, a celebração da Eucaristia é o rito mais importante e o único necessário para dedicar a igreja, no entanto, segundo a tradição comum da Igreja, quer do Oriente quer do Ocidente, diz-se também a Oração da Dedicação, na qual é significada a intenção de dedicar a igreja ao Senhor para sempre e se pede a sua bênção. Foi nesta altura colocada a pedra do túmulo de São Pedro, oferecida por João Paulo II, junto ao altar, lendo-se a carta que acompanhou a oferta e a inscrição na pedra. Após a oração da Dedicação, pronunciada pelo presidente da celebração, o Cardeal Tarcisio Bertone, decorreram os ritos da unção, da incensação, do revestimento e da iluminação do altar e das paredes da igreja. A unção foi feita com o chamado óleo do santo crisma, para significar que a igreja é dedicada totalmente e para sempre ao culto cristão. O óleo, no altar, foi espalhado com as mãos pelo Cardeal Bertone. A incensação da nave da igreja indica que ela, por meio da dedicação, se torna casa de oração. O revestimento do altar indica que o altar cristão é a mesa do Senhor. A iluminação do altar, à qual se seguiu a iluminação da igreja, com várias velas espalhadas pelo recinto, quis recordar que Cristo é “Luz para se revelar às nações”. Preparado o altar, celebrou-se a Eucaristia, que é a parte principal e a mais antiga de todo o rito. Após a distribuição da Comunhão, foi inaugurada a capela do Santíssimo Sacramento, atrás do presbitério. Igreja, Basílica A introdução do rito para dedicação das igrejas, no Pontifical Romano, lembra que o nome dado ao local onde os cristãos se reúnem, em assembleia litúrgica ou oracional, deriva do termo grego “ekklesia”. No caso de Fátima, há referências incorrectas à igreja da Santíssima Trindade como “nova Basílica”. Actualmente, este título é concedido pela Santa Sé a certas igrejas pela sua antiguidade ou por serem centros de peregrinações, admitindo-se que possa vir a ser pedido para este edifício. Há “basílicas maiores” e “basílicas menores”, como é o caso da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, onde estão sepultados os Videntes de Fátima, título atribuído por Pio XII em 1954. Foto: Lusa Notícias relacionadas • Graça e misericórdia da Santíssima Trindade • Apresentação da igreja da Santíssima Trindade

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