Nova Catedral no Kosovo quer ser sinal de harmonia religiosa

Uma multidão de centenas de jovens enche as ruas. No percurso de Prizren até Pristina vêem-se em quase todos os lugares. O Kosovo, República independente desde Fevereiro de 2008, é jovem, muito jovem: mais de metade da população tem menos de 25 anos. Este jovem Estado – em todos os sentidos -, cujo território pertenceu à Jugoslávia, depois à Sérvia, período durante o qual foi maltratado, e que, por fim, após reivindicar impetuosamente a independência, a alcançou, dispõe de um enorme potencial e, simultaneamente, enfrenta desafios enormes. 10 anos depois do final da guerra, as infra-estruturas continuam a ser insuficientes, metade da população activa não tem trabalho, e a Administração e o sistema de ensino ainda estão em fase de desenvolvimento. Além disso, o conflito entre a maioria albanesa e a minoria sérvia ainda está por resolver. “Apesar de tudo, estamos confiantes”, explica D. Dode Gjergji, Bispo de Prizren e todo o Kosovo. “Eis a Catedral da Madre Teresa de Calcutá, para muitos – tanto cristãos como muçulmanos – , símbolo de um novo começo e de esperança.” O bispo entende imediatamente o olhar interrogador do seu interlocutor, pois acrescenta que não há nenhuma contradição entre o facto de 95% da população do Kosovo ser muçulmana e a construção de uma igreja católica no coração da capital. D. Gjergji explica que Ibrahim Rugova (falecido em 2006), filósofo e escritor muçulmano eleito presidente do Kosovo, animou os católicos, em vários comícios não oficiais, a erigir um templo representativo da sua fé na capital. Rugova, venerado pelos Kosovares como Pai da Nação, apoiou pessoalmente a causa de que se cedesse um terreno no centro da capital. Era evidente que, para Rugova, se tratava de algo mais do que um gesto de boa vontade para dar início à reconstrução conjuntamente. “Para ele, o lógico era que a capital tivesse uma catedral”, assegura D. Gjergji. Entretanto, já terminou a primeira fase das obras: o cimento e o nível subterrâneo estão prontos. Numa área de 6200 m2 surgirá um centro social, situado na parte inferior da catedral. O bispo mostra, orgulhoso, as instalações, cujas dimensões já se podem adivinhar: “Estará aberta a todos, cristãos ou muçulmanos, católicos ou ortodoxos.” Especifica que a Igreja Católica já ajuda os necessitados, por exemplo, com as refeições que oferece diariamente na única (de momento) paróquia católica de Pristina, com o trabalho da Cáritas ou através da Escola de Formação Profissional dos Salesianos Quendra Sociale Edukative Don Bosko, que proporciona a formação de jovens kosovares. O centro social e de encontro, situado nas redondezas da Universidade de Pristina, começa a tomar forma. Duas torres esbeltas irão conferir ao edifício uma imagem inconfundível. A catedral deverá estar terminada até 2010. E acrescenta com determinação: “Há dezoito anos que a estou a construir e o que conseguimos na Albânia também podemos consegui-lo aqui.” Como Bispo da Diocese albanesa de Sapa. D. Gjergji não só criou a infra-estrutura do episcopado, como também erigiu a Catedral de Vau Dejes”. Além disso, construiu o primeiro convento contemplativo para as Carmelitas na Albânia. Não obstante, enfrenta em Pristina uma tarefa ainda maior: pelo menos os alicerces da futura igreja da Madre Teresa deverão estar prontos quando se cumprir o centenário da religiosa bem-aventurada, nascida em 1910, em Skopje, e falecida em 1997, em Calcutá. Para os católicos, este projecto pressupõe um autêntico desafio pois, no Kosovo, cuja superfície é apenas de cerca 11 000 m2, vivem apenas 65 000 crentes, seguidos pelos católicos albano-kosovares residentes no estrangeiro (só na Alemanha há cerca de 10 000), que entregam os seus donativos a D. Gjergji. Espera-se que cheguem a contribuir com mais de 1,3 milhão de euros, quase a quarta parte do custo total. A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre também destinou uma ajuda a este projecto. Assim, D. Gjergji tem muito trabalho pela frente, quer como construtor quer como responsável da pastoral: “Esta gente deixou para trás tempos realmente difíceis. Agora procuram Deus.” E isto vale tanto para os muçulmanos como para os cristãos. As comunidades religiosas crescem. D. Gjergji afirma: “Vem muita gente ter connosco, sobretudo jovens kosovares e também muçulmanos, e nós queremos dar-lhes a conhecer as nossas acções. É nisso que reside o nosso contributo mais concreto para a reconciliação.” Departamento de Informação da Fundação AIS

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