Nota Pastoral do Bispo de Setúbal

«Há mais alegria em partilhar. Nesta quaresma, impelidos pelo convite do Papa à partilha e contemplando Jesus que se fez pobre para nos enriquecer, aprendamos a imitar Jesus na arte de entregar a vida, através de gestos diários de partilha.» Caros diocesanos: Há mais alegria em partilhar… O Evangelho fala duma viúva pobre que foi ao templo e deu o seu último dinheiro. Por isso, dando pouco, deu mais que os outros. Mc. 12,41 Esta viúva é Jesus que entregou a última gota do Seu sangue por nós. Esta viúva é a Igreja que unida a Jesus, existe para se dar até ao fim pela salvação do mundo. Esta viúva é o baptizado que, sepultado nas águas do baptismo com Cristo, quer viver para o Senhor e, por isso, em cada dia aceita morrer para que os outros vivam. Partilhar com amor revela a verdade do homem e o caminho da vida. Feliz aquele que descobre que a felicidade se encontra vivendo para Deus e os irmãos e não para si mesmo, cf. 2Cor. 5,15 e decide seguir este caminho. Nesta quaresma, impelidos pelo convite do Papa à partilha e contemplando Jesus que se fez pobre para nos enriquecer, aprendamos a imitar Jesus na arte de entregar a vida, através de gestos diários de partilha. Partilhar o quê, quando, como e com quem? Partilhar a dor e a tristeza de quem está desempregado ou com pensões baixas ou em solidão ou amargurado pela vida. Partilhar uns minutos para que o outro tenha quem o escute com apreço. Partilhar imaginação para que outros possam ter trabalho e casa. Partilhar o sonho e a urgência de organizar melhor o mundo. Partilhar o que sobra com quem precisa, esforçando-se a sério para que sobre mais para poder partilhar mais. Partilhar e ensinar a partilhar, para que alguns não tenham de buscar, nos caixotes do lixo, o que lhes falta. Partilhar e ensinar as crianças e os jovens a partilhar para que não caiam na escravidão do egoísmo. «Partilhar o que faz falta e não só o que sobra, já que os homens são obrigados a auxiliar os pobres e não só com os bens supérfluos» como diz o Vat.II na const GS 69. Além disso, quem está à espera de melhores tempos para partilhar, acaba por nunca o fazer. Partilhar todos os dias da quaresma para podermos ajudar melhor a Diocese de S. Tomé e Príncipe, o Seminário de Bragança e as Carmelitas de Fátima a quem se destina a nossa renúncia quaresmal deste ano. Da renúncia de 2007 – reveladora da vossa generosidade – enviámos vinte mil e quinhentos euros para as vítimas das cheias de Moçambique. Outro tanto, ajudará a nossa Caritas no apoio a grávidas em dificuldade. A partilha nascida do Amor (que anima suas mil formas), capacita para a seguir Jesus e revela que, onde existe, aí há traços do rosto de Jesus. Invoco a bênção de Deus sobre todos vós, caros diocesanos, para que esta Quaresma pela partilha abundante e discreta (acompanhada da leitura da Palavra de Deus, do jejum, da oração, da misericórdia, da confissão) nos prepare para crescer na caridade, para reconhecer nos pobres o próprio Cristo e para celebrar com fruto a Páscoa do Jesus e, n’Ele, a nossa Páscoa. + Gilberto, Bispo de Setúbal

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