Nota Pastoral do Bispo de Setúbal sobre o Cinquentenário do Santuário de Cristo Rei

Queridos Diocesanos de Setúbal. A Igreja em Portugal vai celebrar o cinquentenário da inauguração do Santuário Nacional de Cristo Rei, situado na nossa Diocese, em Almada, em16 e 17 de Maio. O Santo Padre Bento XVI, a pedido da Conferência Episcopal, enviará um delegado especial para a celebração do dia 17, Sua Eminência o Cardeal José Saraiva Martins, que tornará mais sensível a presença do Santo Padre e mostrará mais claramente a abertura do Santuário a toda a Igreja. Manifesto, desde já, ao Santo Padre a nossa gratidão e devoção filial e o nosso amor à Igreja de Cristo a que ele preside. Ao Senhor Cardeal Saraiva Martins expresso a alegria de o termos connosco, como enviado especial de Sua Santidade. A Conferência Episcopal publicou, em 16 de Janeiro, uma Nota Pastoral sobre este acontecimento, a que abaixo aludo e cuja leitura recomendo. Nela são recordados os motivos da construção do Monumento e os dinamismos e desafios espirituais e pastorais que dele emergem. Agradecendo a Nota, saúdo os irmãos no episcopado que, como há 50 anos, participarão na celebração, reunindo a Igreja de Portugal em redor de Cristo Rei. A Igreja em Portugal está chamada a viver esta celebração. No entanto, nós queremos ser, como é evidente, caros diocesanos, os primeiros a responder ao convite, tal como desejamos ser também os primeiros na veneração das relíquias da confidente de Jesus Sta Margarida Maria de Alacoque. Conto com a participação numerosa e grata de toda a Diocese nas celebrações, sobretudo no dia 17: clero, religiosos e leigos; paróquias, movimentos e serviços. Desde já convido cada fiel a preparar-se para a festa e para ajudar outros irmãos a fazê-lo também. Espero especial colaboração do clero e dos responsáveis dos serviços, movimentos e obras, segundo as orientações do Santuário. A ideia da construção do monumento a Cristo rei nasceu em tempo de guerra sangrenta: primeiro em Espanha e, depois em muitos países da Europa e de outros continentes. O monumento foi sonhado como acto de agradecimento a Deus pelo facto de Portugal ter sido poupado à intervenção directa na guerra, e como acto de fé e de desagravo a Deus ofendido por armas e por ideologias iníquas que feriram no corpo e no espírito milhares de irmãos nossos em Cristo, todos amados infinitamente pelo nosso Pai comum. Por isso, como lembra a referida Nota Pastoral, o ‘monumento…incentivava a exigência de um ressurgimento nacional inspirado (…) em Jesus Cristo, único Senhor’ (nº.1). Foi este – e continua a ser – o significado maior do santuário: proclamar a realeza de Cristo, não apenas no coração de cada pessoa, mas na vida e nas estruturas sociais da cidade: “a realeza social de Cristo”. Isto mesmo o lembram os Bispos quando apontam “para uma actualizada mensagem do santuário: acolher Cristo como fonte de vida e transformar a sociedade segundo os critérios do Reino de Deus” (n.º 3). Quando olhamos Cristo Rei no alto da colina sobranceira ao Tejo, vem-nos à mente a solene proclamação sobre Jesus, que S. Paulo dirigiu aos Colossenses: «Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; n’Ele foram criadas todas as coisas… por Ele tudo subsiste… Ele é a cabeça da Igreja que é o seu Corpo… Ele tem em tudo o primeiro lugar…» (Col 1, 15ss. Hoje, como no passado, num tempo de dispersão e de distracção, é urgente salvar a pessoa e a comunidade humana do primado destruidor do materialismo e do individualismo, da escravidão, da injustiça e da morte e reconduzir a humanidade ao encontro d’Aquele que é o seu único Salvador, fixando n’Ele intensamente o nosso olhar e cultivando uma espiritualidade e um ardor apostólico nascidos directamente do encontro pessoal com Cristo (cf. n.º 4): “… centrado em Cristo, o cristão acolhe o dinamismo da geração eterna do Verbo feito homem e situa-se no tempo! (…) a presença de Deus na história, à luz de Cristo, é fonte de novo ardor na construção do bem comum”. (n.º 5). O monumento, por outro lado, acende em nós a certeza de que somos nós, mais do que a pedra esculpida, o verdadeiro “monumento” de Cristo no seio da nossa sociedade e do nosso tempo, chamados a dar ao mundo o testemunho vivo do Seu Amor apaixonado pelo Pai e pela humanidade e o testemunho da Sua entrega radical (…) à missão que Lhe foi confiada. Tal como o monumento, cada um de nós há-de ser “sinal eloquente da verdadeira imagem de Deus: humano e acolhedor, manso e humilde, Deus que ama infinitamente a cada pessoa e a toda a humanidade.” (n.º6). Convido-vos a todos – clérigos, leigos e religiosos – responsáveis de quaisquer serviços diocesanos, a inscrever o santuário de Cristo Rei no roteiro das nossas peregrinações. Tendo em conta a origem, o significado e o dinamismo de transformação espiritual deste santuário, não hesitaremos em considerá-lo como lugar privilegiado para nele terem lugar encontros, caminhadas, tempos de oração e de celebração (nomeadamente do sacramento da Reconciliação), de adoração ao Santíssimo Sacramento, de um ou mais dias de retiro e de silêncio contemplativo, de estudos sobre a evangelização e a missão dos cristãos no mundo. A partir do Coração amoroso de Cristo que Se entregou ao Pai em favor da Salvação da humanidade, cultivaremos ainda mais a pastoral do sim ao Pai celeste: dela nasce o sim de todas as vocações, especialmente para o sacerdócio ministerial e a vida consagrada e missionária. Neste santuário, e a partir dele, permaneceremos mais firmes na oração: que o Pai nos dê muitas e santas vocações segundo o Coração apaixonado, livre e ousado de Seu Filho, Jesus Cristo. Mãe e discípula de Cristo, Maria é também mãe e mestra dos Seus discípulos. Ela foi a primeira a escutar e a saborear a Palavra de Jesus: «Vinde a mim vós que andais cansados que Eu vos aliviarei» (Mt 11, 28). Que ela – que vai estar connosco na celebração através da imagem que se venera na capelinha das aparições em Fátima – nos ajude a entrar no Coração de Jesus, a ser seus discípulos fiéis e felizes, a ser apóstolos do Seu amor e a ser construtores da civilização do Amor. Setúbal, Festa da Anunciação do Senhor, 25/03/2009 + Gilberto, Bispo de Setúbal

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