Nigéria: Bispo lamenta indiferença do Ocidente perante o clima de violência e morte imposto pelas milícias islâmicas no país

Grandes potências estão atualmente mais interessadas «naquilo que podem extrair de África», acusa D. Hyacinth Egbebo

Lisboa, 03 abr 2014 (Ecclesia) – O administrador apostólico do Vicariato de Bomadi, território indígena do Estado de Delta, na Nigéria, diz que as milícias islâmicas são um “perigo para toda a África” e lamenta a indiferença da comunidade ocidental.

Num texto que vai ser publicado na nova edição do Semanário ECCLESIA, D. Hyacinth Egbebo descreve à Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS) o clima de violência e de morte que atinge o seu país, devido à ação do grupo armado Boko Haram, que pretende impor a lei islâmica (sharia) no norte da Nigéria.

Desde 2009, a célula terrorista tem procurado a criação de um Estado muçulmano independente na região, transformando em “alvos” todos os “obstáculos”, especialmente a comunidade cristã.

“Só desde maio do ano passado”, realça a AIS, “perderam a vida cerca de 1200 pessoas” e mais de 300 mil viram-se obrigadas “a abandonar as suas casas” e a procurarem refúgio em outros países ou no sul da Nigéria, onde a população é maioritariamente cristã.

“Rua a rua. Casa a casa. Grupos de homens armados aparecem de repente, por vezes escondidos pelo escuro da noite, e atacam. Sem piedade. Nem as crianças são poupadas. Entram nas casas, nas igrejas e nas escolas e disparam. Ninguém está seguro”, relata a organização dependente da Santa Sé.

Para D. Hyacinth Egbebo, é lamentável que o Ocidente fique “de braços cruzados enquanto a Nigéria se está a desintegrar”.

Segundo aquele bispo, as grandes potências estão atualmente mais interessadas “naquilo que podem extrair de África, o petróleo da Nigéria ou os diamantes do Congo”, em troca de “presentes insignificantes” ou de “armas” de que as populações africanas “não precisam”.

“É preciso derrotar o Boko Haram. Ajudem-nos para andarmos pelos nossos próprios pés, para que possamos contribuir para a vida em todo o mundo. África é uma prenda para o mundo, mas precisa de levantar-se… e nós estamos a morrer”, alerta o administrador apostólico de Bomadi.

AIS/JCP

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