Natal segundo os Bispos portugueses

Família e solidariedade ganham destaque nas mensagens enviadas aos fiéis das Dioceses portuguesas em 2007 A família e as crianças ganham destaque nas mensagens de Natal que os bispos portugueses enviam aos fiéis das suas Dioceses neste ano de 2007. D. Jorge Ortiga, Bispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa lembra o valor “incalculável” da família. Nesta quadra, o Bispo de Braga quer ter presente quem se encontra longe dos lares, os sem abrigo, os pais que estão sozinhos, os casais separados, os filhos sem o amor dos pais, as situações de violência doméstica ou a exploração infantil e as situações de pobreza onde escasseiam os alimentos. São todas formas de negação de “dom” duma Família harmoniosa, indica. Por isso, D. Jorge Ortiga formula desejos de participação pela “qualidade” desse mesmo “dom” através do muito ou pouco que deve oferecer. E lembra que o Natal pode ser “um momento de diálogo”, para “mudar”. O Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, lembra as “muitas crianças abandonadas”. “Os jornais falam-nos frequentemente de meninos maltratados e de outros obrigados a trabalhos que rendem”, escreve o Bispo de Coimbra, lembrando que “nós, cristãos, não podemos esquecer os milhares de crianças a quem já não damos a conhecer o amor que Jesus lhes tem”. D. Albino encoraja as famílias a adoptar e pede à opinião pública e aos poderes constituídos que se convençam de que as instituições para menores são “uma necessidade que devemos compreender e acarinhar”. D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém refere que o anúncio de dois mil anos mantém toda a actualidade. O mundo de hoje, apesar do grande progresso técnico, “tem necessidade de conhecer e acolher o anúncio do Natal” para passar do “desespero à esperança, do individualismo à solidariedade, das trevas à luz, da vaidade à humildade, da fachada exterior à riqueza interior do coração”. No entanto, o espírito de Natal “corre o risco de ser abafado e suplantado pela dispersão ruidosa das festas, pelos apelos da publicidade ao consumismo”, indica. As crianças são um “forte motivo de encanto e de esperança” numa sociedade que envelhece. O Bispo de Santarém pede “o crescimento da natalidade para rejuvenescer o mundo” e indica que “as crianças precisam e merecem as prendas do afecto, da atenção, da orientação”. A construção de presépios é uma tradição cultural avivada agora enquanto memória do acontecimento original. “Precisamos de recuperar também a riqueza do significado deste sinal que manifesta o amor misericordioso”, do Menino que “nos estende os braços para ensinar a simplicidade, a fraternidade e a misericórdia como caminho para um mundo novo”. Consumismo O Bispo de Leiria – Fátima, D. António Marto sublinha que os enfeites de Natal já fazem parte da festa, mas muitos já nem sabem a origem desta tradição. D. António Marto pede “menos coisas, menos consumismo e mais relações ternas e fraternas”. D. António Marto evidencia que o Natal não equivale a uma comemoração dos aniversários, pois “é um momento particular”, que encontra espaço “na grande necessidade de intimidade e de paz”. Sem a “ternura do Natal”, o mundo tornar-se-ia “inóspito, árido, frio, inabitável, desumano”. Mas o que torna a ternura concreta e contagiante “não são as coisas, mas as relações interpessoais, que são a essência da riqueza humana”. O Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos aponta que crentes e não crentes não sabem viver sem o Natal. “As sociedades e as pessoas já não sabem nem podem viver sem Natal. Ele faz parte não só da sua matriz cultural mas também da sua identidade social e da sua dimensão religiosa”. Mas em “época de assumida globalização”, cumpre aos cristãos “oferecer o Natal ao mundo”, assumindo com alegria, serenidade e coragem, a missão de fazer que o Natal “se renove e celebre no íntimo do coração humano, no ambiente sagrado da família e na liturgia festiva da comunidade”, para que “o mundo acredite e a esperança de um futuro feliz para a humanidade se multiplique”. D. António Vitalino, Bispo de Beja afirma que através de testemunhos de discípulos, “alguns mais fiéis e corajosos que outros”, continua a revelar-se possível, celebrar o Natal. Exemplos de amor, de verdade, justiça, solidariedade, atenção e ajuda aos mais débeis, de misericórdia, perdão, dom da vida”. O Bispo de Beja pede aos seus diocesanos que “a trabalhar nas paróquias ou serviços diocesanos”, para se deixarem imbuir do espírito de Natal, para “continuarmos a falar de Deus ao mundo, sobretudo com o testemunho da nossa vida pessoalmente desprendida dos interesses egoístas e comprometida com os mais débeis e indefesos, crianças, idosos, doentes, migrantes explorados, mães solteiras, mulheres vítimas de violência doméstica e pessoas a viver na solidão”. D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu, evidencia que sem atitudes de “escuta, desejo de aprender, celebrar, viver e ensinar estes valores, não há Natal”, ainda que haja tudo o resto que constitui a cultura, a tradição e os hábitos familiares, religiosos e sociais do Natal. O Bispo de Viseu pede neste Natal, o acolhimento destes valores e o testemunho de vida, “capaz de ver em cada homem um irmão e tudo fazer para que ele”. Solidariedade D. José Alves, Bispo de Portalegre – Castelo Branco, lembra que a celebração do Natal é um “forte convite a abrir os olhos da fé para ver e compreender o que se passa à nossa volta: o bem e o mal”. Este tempo significa um convite a vencer as barreiras do egoísmo que impedem de ver o mundo e de efectivar a paz social, “a harmonia das famílias consolidadas no amor”. O Bispo de Portalegre – Castelo Branco indica que o Natal é também um convite “a abrir o coração e a deixar-se compadecer perante as injustiças e misérias que afligem tantos seres humanos iguais a nós em dignidade”. D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, evoca nesta quadra os que morreram, e de forma muito especial, “o Sérgio Pedrosa, em Novembro último, no Afeganistão”. D. Januário recorda os familiares dos que faleceram e envia desejos de feliz Natal a todos os membros das Forças Armadas e de Segurança e a quem, distante do país, está alistado nas Forças Nacionais Destacadas. D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, considera urgente “que os políticos e outros responsáveis pela vida pública assumam a coragem de construir um futuro equilibrado, de tal maneira que sejamos um País e uma nação onde todos têm vez e voz”. Numa mensagem de Natal que denota preocupação com o desenvolvimento da região, D. Manuel Felício defende ser necessário “assumir a coragem de promover a discriminação positiva para as regiões mais pobres de meios promotores do desenvolvimento, como a nossa, e com essa finalidade saber aproveitar a oportunidade única constituída pelo aproveitamento do Quadro de Referência Estratégico Nacional, que vigora nos próximos seis anos”. O Bispo do Porto, D. Manuel Clemente lembra, por seu lado, a recente assinatura do Tratado de Lisboa aconteceida “nos Jerónimos, que realmente se chamam Santa Maria de Belém”. Este é um “prenúncio dum Continente mais solidário, para o bem comum de todos os seus habitantes, e mais motivado para o seu papel no mundo, no construção conjunta da justiça e da paz”. O Natal continua “inspirador e motivador de pensamentos e acções”, lembra o Bispo do Porto, quando o aceitamos no seu “irredutível significado”, para além “do mero cenário ou pretexto, irredutível a qualquer consumismo ou devaneio”. Transformação O Bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, destaca o sentido de esperança desta quadra e as marcas cristãs da sua celebração, mas deixa um alerta: “De pouco adiantariam as iluminações e as decorações, a árvore de natal e o presépio, a música-ambiente e as liturgias solenes, se tudo isso não nos fizesse mais humanos e fraternos. Logo a seguir ao Natal”. D. Manuel Quintas, Bispo do Algarve, fala no sentido do Natal e diz que “o nascimento deste Menino, o filho de Deus feito homem, é expressão da grandeza do amor de Deus pela humanidade, causa da nossa alegria, fundamento da nossa esperança e fonte da verdadeira paz”. Ainda em convalescença, o Bispo de Vila Real aproveita a mensagem de Natal para agradecer às “muitas pessoas que se têm interessado pela minha saúde”. No texto, D. Joaquim Gonçalves destaca que “dinamismo profundo do Natal é mesmo a transformação das relações das pessoas e grupos, impedindo que sejam malha opressora dos outros e evoluam gradualmente para um relacionamento mais fraterno. Efectivamente, paira sobre a sociedade actual a perda do rosto da pessoa, submersa no anonimato, esmagada por grupos que tudo controlam”. “Desejo que neste Natal as famílias estejam mais atentas às relações internas de marido e esposa, de pais e filhos, de irmãos e familiares; que os grupos empresariais e sociais reflictam no espírito que informa a sua organização e o seu posicionamento na sociedade envolvente; que as paróquias e grupos apostólicos se deixem invadir pelo espírito de comunhão, de que o Papa falou aos bispos portugueses; que cada um se interrogue sobre as motivações profundas das suas opções de vida; que todos sejamos um sinal do dinamismo que Jesus trouxe ao mundo pelo seu Nascimento”, conclui. (Todas as mensagens estão disponíveis na secção Documentos da Agência ECCLESIA)

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