Natal em Missão

Relembrar o meu Natal em missão obriga-me a voltar atrás à caixa de recordações de Moçambique. Tínhamos chegado há quase dois meses e ainda nos sentíamos muito a tactear o terreno. E era estranho. Não parecia Natal… Eu dizia isso num e-mail enviado para os amigos:

“O meu Natal foi diferente porque foi com calor e sem as luzes e a azáfama das compras de Natal. Para dizer a verdade senão fosse a missa acho que nem dávamos por ele exteriormente, porque quase não há referências… É que aqui, para além do mais, não é Inverno, muito menos parece o Dezembro ou o Janeiro a que estamos habituadas. Não tivemos prendas, mas também não demos prendas… Só uns postais de Natal que enviamos para aí para Portugal e outros que demos aqui…

Também comemos bacalhau que os pais da Sara e da Inês mandaram e a seguir fomos à missa do Galo. O dia de Natal passamos no Mosteiro (que é onde é o meu projecto com as meninas órfãs) e a noite fizemos bacalhau com natas e jantamos mais uma vez com o mesmo amigo e outra leiga da comunidade anterior à nossa”.

Foi tudo muito simples. Lembro-me de como a missa nos impressionou pela alegria genuína e beleza dos cânticos e das danças africanas. Lembro-me que nos sentíamos em Advento sobretudo pela liturgia celebrada com a Equipa Missionária e o Bispo. E se não me lembro, invento agora, da sensação de que o Menino Jesus ali nascia todos os dias, em todas as crianças que se cruzavam no nosso caminho.

Foi o Natal mais simples e mais próximo do essencial que vivi e não sentíamos que precisámos de prendas, porque a verdadeira prenda era poder estar em missão e viver o nascimento do Salvador num contexto mais próximo do qual Ele nasceu. A verdadeira magia era Ele nascer também ali, no outro lado do mundo. A verdadeira alegria era a confirmação de que Ele nasce sempre e mesmo para todos.

Andreia Carvalho, Leigos para o Desenvolvimento

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