Não tenhamos medo de mudar

Conclusões das IX Jornadas Culturais de Balsamão As Jornadas, que decorreram de 7 a 10 de Setembro de 2006 em Balsamão e em Mirandela, interpelaram-nos sobre os valores que norteiam o nosso quotidiano e aqueles que podem inspirar-nos na construção de um futuro melhor. O Dr. Cassiano Reimão deixou-nos o desafio ético: “Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti”. Não tenhamos medo de mudar. São necessários valores renovados. “Vales se amas, amas se serves, serves se vales”. De seguida, o Dr. José Paulo Carvalho enalteceu a vida como valor fundamental, que devemos defender contra todos os que a querem destruir no âmbito de uma visão deturpada da liberdade. O Ir. Eduardo Novo e o Dr. Pires Cabral, trouxeram-nos uma reflexão sobre a bioética como ciência de defesa da vida. Deixaram-nos uma interpelação: se “o objectivo da vida é a felicidade” (Aristóteles), como devemos trilhar este caminho para a verdade? Com liberdade e responsabilidade. Na tarde de sexta-feira, a Dr.ª Maria Coutinho interpelou-nos para “o como viver os valores”, quando verificamos o domínio de uma imagem negativa do homem? Face a este vazio, é urgente uma revolução de valores, os únicos que dão sentido à vida, são os faróis que nos guiam. O Dr. Lécio e a Dr.º Lília falaram-nos do valor artístico de dez telas do gravador e pintor António Joaquim Padrão, executadas entre 1760 e 1771, que fazem parte do espólio do Convento de Balsamão. O Dr. Andrade Lemos e o Ir. Eduardo Novo apresentaram a história dos Marianos em Telheiras, desde 1983 a 2005, sobre a abertura da residência Casa de Estudos, as pessoas, os trabalhos pastorais realizados e o abandono. O Pe. Basileu Pires falou-nos sobre a estreita relação entre a liberdade e os valores, permitindo-nos perceber que só a liberdade que se submete à verdade e ao bem é verdadeiramente libertadora. Sem valores morais objectivos, aceites por todos, a vida em sociedade não será possível. Relativamente às instituições educativas e aos valores de ontem e de hoje, o Dr. João Rodrigues, percorrendo a nossa história, entre 1910 e 1986, mostrou-nos como cada regime político elege os valores que presidem ao sistema educativo. O Prof. Carlos Sambade deu-nos umas pinceladas sobre a crise de valores e a crise de civilização, salientando a necessidade de cultivar certos valores como a inocência, o amor, a verdade, a vida, a cultura, a educação, a piedade, a grandeza de alma, a modéstia, a saúde e a dignidade. No fim dos trabalhos do dia, o presidente do Centro Cultural de Balsamão, fez o lançamento do livro sobre as Actas das VIII Jornadas Culturais de Balsamão: “Frei Casimiro: Memória e profecia”. O dia terminou com o já habitual jantar/convívio no restaurante Saldanha, em Peredo, do qual se destaca a participação do nosso anfitrião João Saldanha na animação final. No dia de sábado, as Jornadas tiveram lugar em Mirandela, no Centro Cultural. Depois de visualizar um filme sobre a cidade de Mirandela, o seu presidente, o Dr. José Silvano, exaltou “o bem receber” como valor marcante da cidade. Referiu ainda que a imaginação e o culto de pormenor nortearam o desenvolvimento sustentável de Mirandela num passado recente. Para o futuro, aposta-se na apresentação de um produto de qualidade que será o embaixador da cidade: o azeite. O Dr. Júlio Andrade fez-nos viajar no tempo, o tempo dos Távoras e dos cristãos novos. Este período da história tem sido silenciado, por falta de quem investigue, mas foi um período de grande desenvolvimento para Mirandela. O Dr. Carlos d’Abreu deu-nos uma lição sobre a história dos projectos para a rede transmontano-duriense de caminhos-de-ferro e linha do Tua, referindo aos valores que pesaram nas escolhas do passado. A Serra dos Passos/Santa Comba, a lenda de Santa Comba, as pinturas rupestres, os seus abrigos, o Buraco da Pala, foram-nos apresentadas pela Dr.ª Maria de Jesus Sanches, bem como uma reflexão sobre os hábitos, o quotidiano e os valores patentes nos V, IV e III milénios antes de Cristo. À noite, estava-nos reservada uma apresentação de Fado pelo Grupo de Fados Almor, e conseguiu-se conjugar a magia da canção portuguesa, o encanto da cidade e do rio Tua e a degustação de uma requintada refeição. Domingo de manhã, o Eng. Pedro Teiga fez-nos reflectir sobre a importância dos valores para o futuro sustentável do planeta e da humanidade: o amor à vida pelo amor à Terra. O Pe. Adérito Barbosa trouxe-nos uma reflexão sobre a construção do Reino de Deus, os valores para um agir libertador e um futuro de esperança. Partir dos valores, construir atitudes e desencadear acções concretas, semear a Palavra, comungar os direitos de Deus e dos homens, procurar a felicidade, agir com convicção pessoal, praticar a coragem, ter um guia – saber para onde vamos e como vamos. Bem-aventurados os que constroem o Reino de Deus. Dos debates havidos depois de cada sessão e perante a tentação permanente da lamúria e da crítica dos outros, particularmente dos políticos, fomos interpelados a cada um fazer o que está ao seu alcance. A sociedade será melhor se eu for melhor. Os valores em que acreditamos e que poderão ser a base de uma sociedade melhor transmiti-los-emos aos outros pelo nosso testemunho concreto. Se cada de nós limpar a rua em frente à nossa casa o mundo ficara limpo e renovado. No encerramento, o Dr. Manuel Cardoso, representante da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, felicitou o Centro Cultural por estas Jornadas e pelo tema tratado e desafiou a todos ao compromisso, a sermos agentes de transformação da sociedade. Na Eucaristia dominical, o Pe. Basileu Pires, disse que o tema destas Jornadas nos compromete com os homens e com Deus. O que é que eu posso fazer, agora? Senhor, o que queres que eu faça? A fé cristã não nos permitirá desanimar perante as dificuldades. Para as Jornadas Culturais do próximo foi escolhido o tema: “Cristianismo e Cultura – Desafios do homem contemporâneo”.

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