Música sacra ajuda a preservar «ruralidade»

Festival «Terras Sem Sombra» passou pelo Concelho da Vidigueira, um dos principais centros agrícolas e vitivinícolas do Alentejo

Beja, 03 jun 2013 (Ecclesia) – O festival Terras Sem Sombra, organizado pela Diocese de Beja, passou este sábado e domingo por Vila de Frades para apresentar à população a música de Franz Joseph Haydn, numa parceria com o Teatro Nacional de S. Carlos.

Em destaque esteve a oratória ‘As Estações’, que o compositor austríaco estreou em 1801 – uma obra que, segundo o diretor geral do certame, José António Falcão, não podia ter melhor cenário para ser escutada e apreciada.

“As Estações, de Haydn são uma peça com uma grande ligação ao mundo rural e aqui em Vila de Frades e no Concelho da Vidigueira nós encontramos um dos epicentros desse mesmo mundo, no que diz respeito ao Alentejo”, sublinha o professor e investigador, em declarações à Agência ECCLESIA.

Ao som das vozes da soprano Carmen Romeo, do tenor Mário João Alves e do barítono Luís Rodrigues, acompanhadas pelo Coro do Teatro Nacional de São Carlos e pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, as pessoas tiveram ocasião de acompanhar uma reflexão sobre a relação do Homem com a Natureza, ao longo das várias estações do ano.

A igreja de São Cucufate, que encheu para o concerto, foi a pedra angular deste espetáculo, por ser “um local mágico e especial, até pelas suas condições acústicas e pelas suas tradições históricas e espirituais”, destaca José António Falcão.

Para o diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, a passagem do festival “Terras Sem Sombra” por Vila de Frades marcou “uma aproximação, uma ponte entre a Igreja, a cultura contemporânea e a ruralidade” que faz parte da “identidade profunda do país” e que é preciso “preservar a todo o custo”.

Esta foi a terceira vez que o certame veio até à região da Vidigueira, desde que foi criado em 2003 como parte de um projeto que tem como principal objetivo não só oferecer às populações alentejanas “belos concertos”, mas principalmente contribuir para a preservação e divulgação dos tesouros religiosos, culturais e ambientais do Alentejo.

José António Falcão considera que este ano o festival “deu claramente um salto qualitativo”, a começar pelo número de pessoas que participam e se envolvem na iniciativa.

“As igrejas estão completamente cheias; por outro lado há uma ligação muito profunda às comunidades locais. Entre os espetadores, entre os milhares de visitantes que vêm até nós e depois as populações de cada terra tem-se conseguido criar uma simbiose muito interessante”, salienta o especialista em História de Arte.

No domingo, a organização do festival levou cantores, músicos e população em geral para uma iniciativa ligada à proteção e preservação da biodiversidade, uma componente que já constitui imagem de marca do projeto.

Sob a coordenação do Instituto de Conservação da Natureza e com o apoio de especialistas do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas da Universidade de Évora, os participantes tiveram oportunidade de perceber como funciona a evolução das parcelas de floresta e montado e o que é preciso fazer para garantir o seu ciclo normal de vida naquela região.

JCP

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