Música antiga, uma utopia ou uma conquista?

O antigo Secretário de Estado da Cultura e director-adjunto do Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian é um dos melhores conhecedores do panorama musical português – e internacional. Investigador de renome e comunicador exímio, Rui Vieira Nery encontra-se ligado, desde a génese, ao Festival Terras sem Sombra de Música Sacra do Baixo Alentejo, que tem nele um observador muito atento. Em edições anteriores já traçou as coordenadas de grandes correntes da música do mundo. Agora, em Beja, irá explorar o diálogo entre as sonoridades do passado e as vivências estéticas, nem sempre as mais profundas, dos dias de hoje.

Pensado como uma pequena “história da música” em que cada um das suas edições constitui um novo capítulo desse magno livro, o Festival Terras sem Sombra de Música Sacra apresenta todos os anos uma conferência de fundo, destinada a servir de enquadramento à programação da respectiva temporada. “A Música Antiga e a Máquina do Tempo: Redescoberta, Releitura, Reinvenção” é o tema que irá ser desenvolvido por Rui Vieira Nery, professor da Universidade de Évora, a 20 de Março, pelas 17.30 horas, na igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, em Beja, um dos espaços clássicos do Festival.

Rui Vieira Nery nasceu em Lisboa em 1957. Iniciou os estudos musicais na Academia de Música de Santa Cecília e prosseguiu-os no Conservatório Nacional de Lisboa. É Licenciado em História pela Faculdade de Letras de Lisboa (1980) e doutor em Musicologia pela Universidade do Texas em Austin (1990), que frequentou como Fulbright Scholar e bolseiro da Fundação Calouste. De 1985 a 2000 ensinou no Departamento de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa e de 1992 a 2007 foi Director-Adjunto do Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian. É actualmente Professor Associado do Departamento de Artes da Universidade de Évora, investigador do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos de Música e Dança e Director do Programa Gulbenkian “Educação para a Cultura”.

Como musicólogo, é autor de diversos estudos sobre História da Música Portuguesa, dois dos quais receberam o Prémio de Ensaísmo Musical do Conselho Português da Música (1984 e 1992), bem como de largo número de artigos científicos publicados em revistas e obras colectivas especializadas, tanto portuguesas como internacionais. Exerce também uma actividade intensa como conferencista, no plano nacional como em vários países da Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. Os seus temas de investigação incluem a problemática do Maneirismo e do Barroco na Música Ibérica e Latino-Americana e os processos de interpenetração cultural na Música Portuguesa, do vilancico à modinha e ao fado. É autor de “Para uma História do Fado” (2004), dos capítulos sobre Portugal, Espanha e América Latina na “History of Baroque Music”, de George Buelow (Indiana University Press, 2004), e da colecção de ensaios “Pensar Amália” (2009).

Entre Outubro de 1995 e Outubro de 1997 desempenhou as funções de Secretário de Estado da Cultura no XIII Governo Constitucional. Foi condecorado em Outubro de 2003 pelo Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique por serviços prestados ao estudo da Cultura portuguesa. É académico correspondente da Academia Portuguesa da História.

Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja

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