Semana de Teologia de Verão dos Dominicanos vai abordar visão bíblica, política e ministerial da mulher A mulher está no centro do debate da semana de teologia de Verão, promovida pelos Dominicanos. O Frei José Augusto Mourão, Presidente do Instituto São Tomás de Aquino e responsável pela Semana de Verão de Teologia regista à Agência ECCLESIA que a “há um embaraço na linguagem quando se tenta reflectir sobre as mulheres”. “Durante séculos a mulher foi maltratada na cultura e excluída na política. A Republica apoia-se na mulher dedicada ao lar, sem direito à palavra, e a política é reservada aos homens. Denunciadas como gastadoras, infiéis, arrogantes, as mulheres na Cidade de Deus prolongam a sorte das Romanas, já consideradas como o «sexo defeituoso»”, expressa o responsável na apresentação da semana. A consciência desta exclusão não tem mais de um século na história das mentalidades. Mas “teremos ultrapassado estes arcaísmos, romanos ou cristãos, no nosso mundo em que há mulheres-ministros?”, indaga o Presidente do Instituto São Tomás de Aquino. “A exclusão actual das mulheres enraíza-se num passado nunca totalmente exorcizado. Não é só a República, mas também a Igreja cristã que é hoje convocada para responder perante a sua maneira de excluir as mulheres”, aponta o sacerdote. É por isso importante reflectir nas «Mulheres – representações e singularidades». Cerca de 50 participantes, na sua maioria mulheres, aceitaram o convite. O Frei Augusto Mourão indica a permanecia de uma “visão patriarcal no interior da prática ministerial da Igreja, mesmo quando a sociedade adoptou outras perspectivas sobre a mulher”. Se a condição social mudou, a visão patriarcal conserva-se ainda na Igreja. Um assunto polémico para alguns. O Frei José Augusto Mourão rejeita polémicas, mas indica que a controvérsia é sintoma da “necessidade de discussão”. “A Bíblia não é normativa, o dogma é que é normativo. A disciplina é normativa”, indica o sacerdote. “A leitura da Bíblia sobre a mulher é mais aberta que a leitura estritamente canónica”. A presença das mulheres na política é outro tema a ser tratado na semana de teologia. “Um assunto menos polémico, porque já vai acontecendo”, mercê das quotas estipuladas. O Frei José Augusto Mourão indica que “há situações que resultam de relações de força”. A mulher parece menos livre para a militancia, “tem de estar mais disponível do que está quando tem uma família, por exemplo”. No entanto, a política “não é apenas o que aparece na comunicação, mas é um exercício de presença, de apresentação de propostas. É um espelho das sociedades”, resume. A reflexão durante a semana quer mostrar os “vários carismas que a mulher tem”, definir qual o papel da mulher na Igreja ou na Bíblia, na política e perceber até a forma como as mulheres falam de Deus.