Mulher do presidente da Guiné-Bissau pede ajuda urgente para o país

Relatos e apelos na Fundação Ajuda à Igreja que Sofre “Se não se resolver a questão dos salários em atraso, vai-se dar uma convulsão social na Guiné”, admitiu Rosa Robalo Pereira, mulher de Henrique Rosa, Presidente Interino da Guiné-Bissau que deverá iniciar amanhã a sua primeira visita oficial ao nosso país. A sua mulher, que se encontra já na capital portuguesa, fez hoje questão de ser recebida nas instalações da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, instituição que no passado sábado, dia 25 de Outubro, promoveu uma recolha de fundos para as dioceses da Guiné após o concerto de homenagem aos 25 anos do Pontificado de João Paulo II. A Guiné-Bissau atravessa um complicado período de transição política após o golpe de Estado perpetrado pelos militares que derrubaram o Presidente Kumba Ialá, em Setembro passado. Descrevendo a situação no seu país, Rosa Pereira afirmou que “não podíamos ter descido mais do que já descemos. Economicamente estamos no ponto zero”, afirmou, acrescentando que “a Guiné precisa de ajuda agora para dar a volta à situação”. A Guiné-Bissau está mergulhada numa profunda crise económica, com salários em atraso na Função Pública, a ameaça de greves em vários sectores da sociedade e relatos que dão conta de uma cidade paralisada, com problemas graves de fornecimento de energia eléctrica e de água canalizada. A primeira-dama referiu como exemplo do estado a que chegou o país, a “a degradação de não termos qualquer biblioteca ou livraria. No entanto, abundam as discotecas”. Reconhecendo que o guineense “perdeu a auto-estima”, Rosa Pereira afirmou que “a Igreja Católica é hoje a única instituição no país que pode ser considerada uma estrutura sólida”, apelando assim ao auxílio às duas dioceses da Guiné. Paulo Bernardino, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre mostrou-se disponível para apoiar eventuais projectos de criação de bibliotecas para os seminários, defendendo, inclusivamente, “que devem ser espaços abertos a toda a cidade”. A visita do casal presidencial a Portugal pode representar uma viragem nas relações entre os dois países, após o consulado de Kumba Ialá, marcado por constantes críticas a Portugal. Esta é, aliás, a primeira visita oficial ao nosso país de um chefe de Estado guineense desde o conflito de 1998/99 que acabou – recorde-se – com a deposição de João “Nino” Vieira” da chefia do Estado. Henrique Rosa, nomeado Presidente Interino da Guiné-Bissau na sequência do golpe de Estado que afastou Kumba Ialá, prometeu, na cerimónia de tomada de posse, “um diálogo permanente com todos os sectores da sociedade”, procurando contribuir para aquilo a que chamou o “aprofundamento da democracia e do progresso económico-social” da Guiné. A visita do casal Pereira Rosa a Portugal acontece após a reunião, sexta-feira passada, do Conselho Nacional de Transição (Assembleia Legislativa provisória até às eleições) e onde, uma vez mais, foi pedida ajuda aos países amigos da Guiné para se ultrapassar este período delicado em que o país está mergulhado.

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