P. Miguel Gonçalves Ferreira, sj
Na reportagem sobre as Monjas de Belém transmitida pela RTP encontramos um pai legitimamente preocupado com a sua filha expondo a sua questão a dois jornalistas desejosos de fazer de um problema de família um caso de polícia.
Todos sabemos que o atletismo de alta competição – ou alto rendimento – tem as suas exigências. Cristiano Ronaldo é frequentemente elogiado pela sua dedicação ao treino, apesar dos êxitos já conseguidos. Como tantos outros atletas, bem cedo deixou a família, seguindo o sonho de jogar sempre melhor. E que dizer das ginastas que a todos encantam, ganhando medalhas nos Jogos Olímpicos? Quantas privações para aí chegar! Horários escrupulosamente cumpridos, fins de tarde e de semana ocupados, alimentação estrita e regrada, estágios e treinadores exigentes que controlam a inevitável “tentação” de diversões próprias da idade… E estamos a falar de menores, que nalguns casos realizam sonhos dos pais. Se pensarmos ainda em quem se dedica seriamente ao bailado ou à música, encontraremos semelhantes sacrifícios e – muito provavelmente – as inevitáveis crises existenciais a eles associados.