Modelos de Sistemas Educativos na Europa em debate

Tema marcou início do segundo dia do Fórum sobre o futuro da Escola, promovido pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã

“O debate sobre a escola não tem sentido fora de um debate sobre a sociedade”. A ideia foi veiculada este Sábado pelo professor Guy Coq durante a conferência “Modelos de Sistemas Educativos na Europa de hoje – Estabelecer um referencial”.

Durante o Fórum: “Pensar a Escola. Preparar o Futuro”, promovido pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã, o professor agregado de filosofia da Universidade de Poitiers iniciou a sua intervenção afirmando que “os problemas da escola são os da sociedade, e os da sociedade projectam-se na escola”. Esta interacção “educação e sociedade” são sempre muito difíceis de analisar”.

Guy Coq apresentou aos presentes a ideia dos três espaços de educação do ser humano. Em primeiro lugar a família que “intervém em primeiro lugar, não apenas no sentido cronológico, mas na medida em que o que ela dá é indispensável para o que se segue”. É na família que se encontra a “indispensável relação com o homem e a mulher, em figuras maternal e paternal”.

O segundo espaço é a escola que transmite à criança e ao jovem “uma determinada cultura e civilização”. Hoje, para Guy Coq, o termo “escolarização” tem, me muitas situações, uma termos “pejorativo”, sendo urgente valorizar “a cultura escolar e o ensino”. Para isso, afirmou, é necessário que a escola “prepare as gerações para o futuro e não para o imediato, para o actual”:

Por fim Guy Coq lembrou que para além da família e da escola as novas gerações integram-se noutras formas de “agrupamento” como “ o mundo associativo, ligado a uma actividade escolhida, a uma moda ideológica e confessional”.

Guy Coq reforçou a ideia de que é necessário marcar “perfeitamente as diferenças entre os três espaços” sem deixar de perceber que “cada um destes três espaços cumprirá melhor a sua tarefa se reconhecer a rica complementaridade das outras instâncias”.

Para o especialista, a escola tem “na construção da cultura”, uma “função necessária mas limitada, sendo ela, através da “transmissão dos saberes”, a responsável pelos procedimentos de elaboração e reconstrução permanente da memória comum, da identidade social, através da reinterpretação do passado”. Através do trabalho sobre a memória a escola “arranca a criança à miopia da actualidade imediata e constrói nela a capacidade do futuro”. A escola tem ainda “um papel decisivo” na “constituição de um espaço cultural e social comum”.

No final da sua intervenção Guy Coq afirmou que os cristãos têm razões “particularmente fortes para se envolverem na obra da educação” porquanto a “encarnação está no centro da humanidade”. Guy Coq afirma que o que “fazemos à humanidade é sinal e revelação da qualidade da fé”, por isso educar é “geral liberdade e iniciar um ser na sua humanidade”.

Ainda esta manhã, decorre a conferência Guilherme de Oliveira Martins, antigo Ministro da Educação e actual Presidente do Tribunal de Contas que aborda o tema: “O Serviço Público da Educação – Potencialidades da pluralidade de ofertas de ensino”.

O caso espanhol

O antigo secretário-geral das Escolas católicas em Espanha, Manuel Castro, considerou, aos microfones da Renascença que a dimensão da fatia do ensino que as Escolas Católicas espanholas detêm “ faz toda a diferença”.

Manuel Castro reconheceu que os últimos anos têm sido difíceis, mas as lutas têm dado bons frutos. “Creio que, de forma geral, podemos estar satisfeitos com o que conseguimos, porque hoje a Escola Católica em Espanha pode desenvolver a sua própria identidade. É uma escola financiada pelo Estado e, apesar das dificuldades que sempre se sentem, seguimos em frente, também através desta organização que nos une – as Escolas Católicas”.

Em Portugal, a realidade é diferente. Se as escolas católicas querem ganhar peso há que seguir o ditado “a união faz a força”, aconselha Manuel Castro.

“Creio que o fundamental é que se unam. Reúnam-se todas numa organização e dêem-lhe poder para negociar com o Estado. A experiência diz-nos que quando estamos unidos temos mais possibilidade de fazer valer o que somos e aumentar o nosso peso perante as leis de Estado e o desenvolvimento da educação”, sublinha o antigo secretário-geral das Escolas Católicas, em Espanha.

Entretanto, já se encontra online no site http://www.educris.com a Sessão de abertura, presidida pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga e a conferência de Joaquim Azevedo, Presidente do Centro Regional do Porto da UCP Subordinada ao tema “Perfis Antropológicos, a atingir no final da Escolaridade Ser .humano tecnológico vs ser humano cultural”

Redacção/SNEC

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