Moçambique: Processo de canonização dos Mártires de Chapotera termina e segue para a Dicastério das Causas dos Santos

Padre Sílvio Alves Moreira e padre João de Deus Gonçalves Kamtedza, missionários jesuítas, foram assassinados em 1985

Tete, Moçambique, 10 ago 2023 (Ecclesia) – O processo de canonização dos padres João de Deus Gonçalves Kamtedza e Sílvio Alves Moreira, missionários jesuítas, Mártires de Chapotera, foi concluído e D. Diamantino Antunes, bispo de Tete vai presidir à sessão de encerramento.

A sessão de encerramento do inquérito diocesano vai ter lugar no sábado, 12 de agosto de 2023, às 16h00, no Santuário Diocesano de Zobuè, Diocese de Tete, Moçambique.

“Os Servos de Deus, conhecidos por Mártires de Chapotera, foram mortos por ódio à fé em 30 de outubro de 1985 em Chapotera, Missão de Lifidzi, Diocese de Tete, em Moçambique”, recorda um comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

O padre João de Deus Gonçalves Kamtedza, filho de pai português e mãe moçambicana, nasceu na Angónia, província de Tete a 8 de março de 1930, tendo entrado no seminário dos Jesuítas em 1948 e professado os votos religiosos, em 1953, em Braga.

“Foi ordenado sacerdote na Missão de Lifidzi a 15 de Agosto de 1964, tendo-se entregado de alma inteira à missionação do seu povo, primeiramente e durante muitos anos na Missão de Msaladzi, depois na Missão da Fonte Boa e em Satémwa. Era um homem dinâmico, inteligente, sábio, acolhedor, destemido, alegre, comunicativo e grande apóstolo. Amava o seu povo, a sua cultura e a sua língua. Nos finais de 1983, o Padre João de Deus Kamtedza foi transferido para Chapotera para evangelizar e assistir pastoralmente as missões de Lifidzi e Chabwalo”, recorda D. Diamantino Antunes.

O padre Sílvio Alves Moreira nasceu em Rio Meão-Vila da Feira, em Portugal, no dia 16 de abril de 1941, tendo entrado no seminário dos Jesuítas em 1952 e professado os votos religiosos em 1959.

“O missionário português frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica, de Lisboa entre 1968 e 1972 e foi ordenado padre na Covilhã a 30 de Julho de 1972”, recorda a nota.

Em Moçambique, o missionário português iniciou o seu trabalho na diocese de Tete, no seminário do Zobuè, rumando depois à paróquia de Matundo; em 1981, foi transferido para Maputo onde trabalhou na paróquia do Amparo, na Matola.

“Em Setembro de 1984 regressou à diocese de Tete, sendo colocado em Satemwa, Missão de Fonte Boa, e depois em Chapotera, Missão de Lifidzi. O padre Sílvio era um homem livre, inteligente, corajoso, empreendedor, vivendo com entusiasmo e alegria, as cruezas e riscos que a vida missionária traz consigo”, assinala o bispo de Tete.

Os dois missionários foram assassinados a 30 de outubro, “próximo da residência missionária de Chapotera”, os seus corpos “foram encontrados no dia 4 de novembro”, tendo ficado sepultados no cemitério de Vila Ulongwe.

“A fama de martírio levou a Diocese de Tete a iniciar o processo de beatificação e canonização no dia 20 de Novembro de 2021 com o juramento dos membros da comissão de inquérito nomeada pelo bispo diocesano”, tendo o trabalho da comissão iniciado em janeiro de 2022.

“Até junho de 2023, a comissão interrogou as testemunhas que conheceram os Servos de Deus durante a sua vida, com informações sobre o seu martírio e fama de martírio. Terminada a recolha de todos os testemunhos, incluindo a documentação arquivística, foi preparado um dossier bem documentado sobre a vida e o martírio dos dois Servos de Deus o qual será enviado, através da Nunciatura Apostólica em Moçambique, ao Dicastério das Causas dos Santos, em Roma”, indica.

Na cerimónia de encerramento da fase diocesana do processo de beatificação está prevista a participação de “centenas de peregrinos das 38 missões da Diocese de Tete”.

O tribunal, presente na cerimónia que vai atestar a validade dos documentos a enviar para o Vaticano, será composto pelo padre Vital Adriano Conala, delegado episcopal, o padre José Codiasse Alone, promotor de justiça, o padre Angelino Augusto, notário atuário, contando ainda com a presença do postulador da causa, o padre Sandro Faedi.

“Os Servos de Deus foram bons pastores, sofreram com o seu povo, procuraram sempre a paz e a reconciliação. Puseram ao serviço de Deus e dos homens as suas qualidades humanas espirituais, vivendo o seu ideal missionário”, finaliza a nota.

LS

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