Moçambique: Presidente da República preocupado com as religiosas desaparecidas após ataque de grupos armados

Filipe Nyusi visitou o bispo de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa, na província de Cabo Delgado

Lisboa, 01 set 2020 (Ecclesia) – O bispo de Pemba, no norte de Moçambique, disse que o presidente da república manifestou preocupação pelas duas religiosas que desapareceram a 5 de agosto quando a vila de Mocímboa da Praia começou a ser atacada por grupos armados.

“O Presidente da República está preocupado com as irmãs, está preocupado com as outras pessoas, tal como nós estamos”, disse D. Luiz Fernando Lisboa à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) após o encontro, esta segunda-feira, com Filipe Nyusi.

As duas religiosas, das Irmãs de São José de Chambery, e dezenas de pessoas que estavam com elas, desapareceram no dia 5 de agosto, quando a vila de Mocímboa da Praia começou a ser atacada por grupos armados.

“Continua a não haver informações sobre as duas religiosas nem sobre as outras pessoas, idosos e crianças. Não temos notícia; Estamos a falar de um grupo de mais de 60 pessoas”, explicou o bispo de Pemba, na província moçambicana de Cabo Delgado.

D. Luiz Fernando Lisboa revelou que o presidente da República de Moçambique também está “muito preocupado” com a situação em Cabo Delgado onde se têm sucedido ataques por grupos terroristas, que reivindicam pertencer ao autoproclamado Estado Islâmico, o Daesh, e que continuam a ocupar a zona portuária de Mocímboa da Praia.

“Foi um encontro bom, a avaliar pela rica informação partilhada, uma vez que a Igreja Católica está enraizada na província. O diálogo com todas as forças vivas da sociedade continua sendo a nossa maior aposta de governação”, lê-se numa nota do chefe de Estado moçambicano na rede social Facebook.

O bispo de Pemba adiantou que pediu este encontro com o presidente da república “há uma semana” e Filipe Nyusi “teve o gesto grande” de ir à diocese “inaugurar uma instituição” e até à sua casa”.

“Foi importante esse encontro para termos uma conversa e desfazermos algumas coisas que nos estavam a colocar. Ou seja, comentários que alguns jornalistas fazem e que não ajudam em nada”, acrescentou sobre “uma conversa produtiva” onde falaram do “trabalho que tem sido feito pela Igreja” em Cabo Delgado.

A Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre contextualiza que o encontro desta segunda-feira, 31 de agosto, foi um “sinal de proximidade” entre o presidente da República e o bispo de Pemba depois de terem sido publicados textos “contra a atuação do prelado por comentadores considerados próximos” do chefe de Estado moçambicano.

“O próprio encontro em si já esclarece muita coisa; Espero que as pessoas entendem bem os recados”, disse D. Luiz Fernando Lisboa, explicando que os textos publicados contra si são de “pessoas que querem mostrar proximidade com o presidente e que acabam atrapalhando a governação”.

Os ataques de grupos armados já começaram no início de 2017 mas este ano adquiriram mais intensidade e já se contabilizam mais de 1000 mortos e de 250 mil deslocados, com o abandono de aldeias e vilas.

Luiz Fernando Lisboa disse também que não acredita que esteja para acontecer um ataque em Pemba porque “as forças de defesa estão muito atentas a tudo o que se passa”.

“Não acredito. Mas ninguém pode duvidar do que esses grupos são capazes”, observa.

A Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre que tem ajudado os cristãos em Moçambique com diversos projetos, “desde a reconstrução de igrejas até ao apoio de subsistência aos missionários” está a dinamizar uma campanha de ajuda de emergência para a Igreja local.

CB

 

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