Moçambique: Paulo Rangel afirma que Igreja Católica é «única» entidade no terreno a «aliviar o sofrimento das populações» em Cabo Delgado

Parlamento Europeu vota resolução sobre Cabo Delgado e eurodeputado português alerta para «grande invisibilidade» internacional

Bruxelas, 17 set 2020 (Ecclesia) – O eurodeputado português Paulo Rangel alertou hoje para “grande invisibilidade e opacidade” do drama que se vive em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e disse hoje que a Igreja Católica “é a única entidade a aliviar o sofrimento das populações”.

“A Igreja Católica, nomeadamente o bispo de Pemba, será com certeza, um dos grandes interlocutores para canalizar o apoio porque é, na verdade, a única entidade no terreno que tem estado ativamente a tentar, já não digo resolver, mas ao menos aliviar o sofrimento por que estas populações estão a passar e que é realmente atroz”, disse o vice-presidente do Partido Popular Europeu (PPE), em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) enviada à Agência ECCLESIA.

O Parlamento Europeu vota hoje uma resolução sobre Cabo Delgado para “tentar encontrar apoio financeiro, logístico e em recursos humanos” para “lidar com a situação humanitária” e ajudar as populações que no norte de Moçambique sofrem a perseguição e ataques de grupos armados.

O vice-presidente do PPE “o simples facto de haver uma resolução vai ter um efeito positivo” na abordagem da Europa em relação ao problema que se vive na província de Cabo Delgado e para o qual há desconhecimento por parte “da maioria dos decisores” políticos.

“Há uma grande invisibilidade e opacidade quanto a este drama. Moçambique não tem visibilidade nenhuma. É como se não existisse”, alertou Paulo Rangel, explicando que era “um primeiro passo” para que a própria iniciativa da União Europeia possa “ter algum resultado concreto para as populações”.

Neste sentido, adianta que esse trabalho vai ser realizado pelo Serviço de Acção Externa da União Europeia, “no fundo, o serviço diplomático”, que deve “iniciar um diálogo com as autoridades moçambicanas”, que são “indispensáveis para a resolução do conflito”.

A fundação pontifícia AIS contextualiza que os ataques efetuados por grupos armados, que “reivindicam pertencer ao Daesh, o [autoproclamado] Estado Islâmico”, tiveram início em 2017 e calculam que “terão perdido a vida mais de mil pessoas e que mais de 250 mil foram forçadas a fugir de suas casas, abandonando tudo o que possuíam”.

Paulo Rangel explicou que está em cima da mesa a discussão sobre um “drama humanitário muito grave”, que reflete uma “dinâmica internacional regional”, uma vez que há outros países que também estão a lidar com “esta insurgência”, “embora de forma talvez menos grave”.

Neste contexto, exemplifica que nessa “dinâmica regional” refere-se “ao Sahel e ao próprio Corno de África” que são regiões onde “os jihadistas têm aumentado imenso” e existem “ataques deste género”, havendo “uma ligação entre esses dois fortes surtos e aquele em Cabo Delgado”.

Segundo o eurodeputado português há uma “dinâmica” que é religiosa, que é política, que é militar e que “não pode deixar de ser também considerada”.

O secretariado português da Ajuda à Igreja que Sofre recorda que a fundação está a dinamizar uma campanha de ajuda de emergência para a Igreja local, por causa da grave situação que se vive em Cabo Delgado, e tem ajudado os cristãos em Moçambique com diversos projetos, desde a reconstrução de igrejas até ao apoio de subsistência aos missionários.

CB

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