Moçambique: «Milhares de pessoas em fuga» dos confrontos entre exército e a Renamo

Lisboa, 25 fev 2016 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alerta que pelo menos “seis mil pessoas – na sua maioria mulheres e crianças” saíram de Moçambique, em fuga das “operações do exército contra milícias da Renamo”, para o vizinho Malawi.

“Estas operações do exército têm ocorrido na Província de Tete e terão provocado a fuga a mais de seis mil pessoas para o Malawi, encontrando-se agora em acampamentos improvisados em Kapise”, revela a AIS, sobre movimentos migratórios desde outubro de 2015.

Numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, a fundação pontifícia assinala que diversas organizações não-governamentais denunciam também “alegadas execuções sumárias, casos de abuso sexual e de maus-tratos às populações civis”.

Segundo a AIS, “teme-se o regresso aos tempos da guerra civil” porque os “graves incidentes” apontam para o agravamento da tensão que se vive em Moçambique entre o partido no Governo, a Frelimo, e o opositor histórico, a Renamo.

Neste contexto, o comunicado assinala que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, tem sido alvo de diversos atentados, e recorda o “atentado” ao “número dois” do partido, Manuel Bissopo, quando o carro em que seguia foi atingido por “tiros de metralhadora”, que causaram a morte imediata de um dos guarda-costas e diversos ferimentos no dirigente político”, a 20 de janeiro, na cidade da Beira.

“Este clima de tensão está a preocupar também a Igreja moçambicana”, acrescenta a AIS relembrando que os bispos católicos apelaram à reconciliação nacional, pedindo ao Governo e à Renamo que abandonassem as armas, em novembro de 2014, um “apelo” que foi enviado à Agência ECCLESIA.

Este é um dos momentos de maior tensão política e militar desde o Acordo Geral de Paz de 1992, em Roma, que marcou o fim de 16 anos da guerra civil, sob mediação da comunidade católica de Santo Egídio.

AIS/CB

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top