Irmãs Combonianas estão a tentar tirar do local duas religiosas que fugiram «com um grupo de meninas»
Roma, 07 set 2022 (Ecclesia) – A irmã Maria De Coppi, Missionária Comboniana de 83 anos de idade, foi morta esta terça-feira à noite num ataque terrorista à Missão Católica de Chipene, Diocese de Nacala, na Província de Nampula, no norte de Moçambique.
“Entraram na casa das Missionárias Combonianas, mataram uma irmã, a irmã Maria De Coppi, italiana, destruíram e incendiaram a igreja, a casa das irmãs, o hospital e as máquinas da missão”, explicou a secretária-geral da congregação em comunicado.
No sítio online das Missionárias Combonianas, a irmã Enza Carini, informou que a missão “foi atacada por terroristas”, pelas 21h00 locais, esta terça-feira, 6 de setembro; a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) adianta que se “prolongou até às 02H00 da madrugada”.
Maria De Coppi, assassinada a tiro, trabalhava em Moçambique, desde 1963, tinha 83 anos de idade; nasceu a 22 de novembro de 1939, em Santa Lucia di Piave (Vittorio Veneto-Itália), e fez os votos religiosos em 1960, em Verona.
O jornal ‘Avvenire’, da Igreja Católica na Itália, informa que a Irmã Maria De Coppi denunciou a guerra, a exploração, o terrorismo em Moçambique, e o sofrimento do povo, e esteve na linha de frente para ajudar as famílias da região atingida pela fome e pela violência.
Na comunidade das Combonianas, na missão de Chipene, vivam mais duas religiosas, a irmã Eleonora Reboldi, italiana, e a irmã Angeles Lopez Hernandez, espanhola, que “conseguiram fugir e se esconder na floresta, com um grupo de meninas”.
“Estamos a tentar evacuá-las o mais rapidamente possível, com a ajuda dos Missionários Combonianos e da Unidade de Crise da Farnesina”, explicou a secretária-geral das Irmãs Missionária Combonianas.
O presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI) lamentou a morte da Missionária Comboniana, lembrando também a irmã Luisa Dell’Orto, das Irmãzinhas do Evangelho de Carlos de Focauld, assassinada em junho, na capital do Haiti.
“Clamamos por outra irmã que com simplicidade, dedicação e silêncio ofereceu sua vida por amor ao Evangelho”, assinalou D. Matteo Zuppi.
“Que o seu sacrifício seja uma semente de paz e reconciliação numa terra que, após anos de estabilidade, volta a ser assolada pela violência, provocada por grupos islâmicos que há alguns anos semeiam terror e morte em vastas áreas do norte do país numa terra que, após anos de estabilidade, volta a ser assolada pela violência, causada por grupos islâmicos que há alguns anos espalham terror e morte em vastas áreas do norte do país.”
O jornal ‘Avvenire’ informa ainda que dois missionários ‘fidei donum’ (sacerdotes diocesanos em missão fora do seu território) de Pordenone, os padres Lorenzo Barro e Loris Vignandel, estavam numa comunidade não muito longe, e também foram atacados, esconderam-se e de manhã conseguiram fugir.
“A preocupação dos religiosos sobreviventes agora é com a população local e principalmente com os cristãos”, refere o Centro Missionário de Concórdia-Pordenone.
A Província dos Missionários Combonianos do Brasil solidarizou-se com as Missionárias Combonianas e com o povo de Moçambique pelo assassinato da irmã Maria De Coppi, contextualizando a situação no país lusófono “continua muito violenta, também por causa da disputa dos bens naturais da região”.
“Deus abençoe e proteja o povo de Moçambique e as missionárias/os com coragem e amor radical”, pedem na nota enviada à Agência ECCLESIA.
O bispo de Nacala considera que este ataque não foi “algo contra a Igreja”, mas “estarão a buscar alguma publicidade internacional”.
“É um grande golpe porque estavam lá dois padres italianos, uma irmã espanhola, duas irmãs italianas e outra irmã africana de Togo; o que fizeram foi terror, mas não foi próprio de um grupo terrorista”, acrescentou D. Alberto Vera, à AIS, segundo informação da fundação pontifícia enviada à Agência ECCLESIA.
CB
Notícia atualizada às 17h55 de 08.09.2022