País em busca da reconciliação recebe Francisco , diz padre Manuel Leal, pároco em Maputo
Lisboa, 04 set 2019 (Ecclesia) – O padre Manuel Leal, missionário salesiano em Moçambique, há 18 anos, disse hoje à Agência ECCLESIA que o Papa Francisco vai ser recebido em festa, num país que ainda procura a reconciliação.
“As cores, as capulanas com as três palavras – a reconciliação, a paz e a esperança – vão marcar toda a cidade”, referiu o pároco de São José de Lhanguene, a respeito de uma viagem “concentrada” em Maputo, para onde foram convidadas delegações de todas as outras 11 dioceses do país.
O missionário português acolheu na sua paróquia, ao longo dos últimos três meses, o coro, com mil cantores e cerca de 300 dançarinas, que vai animar a Missa desta sexta-feira no Estádio Nacional do Zimpeto, com lotação esgotada.
Moçambique é a primeira paragem de um périplo que inclui também Madagáscar e a ilha Maurícia, até 10 de setembro.
De acordo com o Vaticano, os católicos representam 28,1% da população moçambicana, marcada pela pobreza extrema.
A 1 de agosto, o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, assinaram um acordo de cessação das hostilidades, para o fim formal dos confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
“Nunca se chegou a uma paz definitiva, como agora dizem, depois deste último acordo”, observa o padre Manuel Leal.
O religioso salesiano sustenta que, além do desarmamento e reintegração dos homens da Renamo, o grande problema é “a aceitação do multipartidarismo, na prática”, lamentando que já haja mortes, desde o início da campanha eleitoral, o que mostra que “a reconciliação tem muito caminho ainda para andar”.
“Eu julgo que a presença do Papa pode ajudar a consolidar esta paz”, aponta, desejando “boa fé” no processo em curso.
Um membro da Renamo e uma militante da Frelimo foram mortos na província de Sofala pouco depois do arranque da campanha eleitoral em Moçambique, no sábado.
As eleições presidenciais, legislativas e provinciais estão marcadas para 15 de outubro; aos participantes nas celebrações e encontros com o Papa foi pedido que não levem qualquer símbolo partidário.
“Talvez a presença do Papa ajude a dar uma nova orientação, seria muito bom”, deseja o padre Manuel Leal.
O missionário lamenta que Francisco não se desloque à Beira, porque o Papa gosta de estar “junto dos mais desprotegidos”, admitindo que a decisão não tenha sido da responsabilidade da Conferência Episcopal.
PR/OC