Moçambique: Papa vai encontrar-se com delegação da Arquidiocese da Beira, afetada pelo Idai

«Servirá para nos reanimar, reerguer e continuar com a reconstrução» – Padre Bonifácio Conde

Maputo, 03 set 2019 (Ecclesia) – O chanceler da arquidiocese moçambicana da Beira disse hoje à Agência ECCLESIA que uma delegação oficial de 50 fiéis do território vai encontrar-se com o Papa Francisco, que visita o país lusófono a partir desta quarta-feira.

“Estamos prontos, preparados, para acolher a mensagem que traz não só para a diocese mas para todo o país, mensagem de paz, esperança e reconciliação; De modo particular para os fiéis da Beira, que foram provados pelo ciclone IDAI no passado mês de março, também servirá para nos reanimar, a reerguer e continuar com a reconstrução”, adiantou o padre Bonifácio Conde.

A delegação é presidida pelo arcebispo da Beira, D. Claudio Dalla Zuanna.

Em conferência de imprensa, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, explicou que “a visita à Beira não foi incluída no programa porque está em plena reconstrução”, mas adiantou que “haverá um abraço com os fiéis” da segunda maior cidade de Moçambique, “e o Papa dirigir-se-á a eles”.

O ciclone IDAI causou 602 mortos e deixou perto de dois milhões de pessoas a sofrer com diversas necessidades, o chanceler da Arquidiocese da Beira adiantou que “algumas paróquias estão cobertas”, bem como “escolas, casas paroquiais e de irmãs religiosas também”.

“Também se iniciou com um pequeno apoio a algumas famílias carenciadas para além da ajuda alimentar, dos kits alimentares, uma e outra família também beneficiou de alguma ajuda para a reconstrução do seu próprio lar”, acrescentou.

O Papa Francisco destacou a importância da “reconciliação” numa mensagem em português ao povo de Moçambique, antecipando a viagem que vai fazer ao país lusófono, de 4 a 6 de setembro.

“O Papa quer dizer que o único caminho para resolvermos a nossas diferenças, as pessoas que pensam diferente, é mesmo o caminho da reconciliação, do diálogo e parecendo ser lento é o caminho certo”, salienta o padre Bonifácio Conde.

A 1 de agosto, o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, assinaram um acordo de cessação das hostilidades, para o fim formal dos confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.

O chanceler da Arquidiocese da Beira contextualiza que o centro do conflito entre as forças governamentais e a força militar da Renamo era na sua “província de Sofala, que coincide com o território da diocese”, e “para além de perdas de vidas humanas, famílias deslocadas, passaram por problemas de alimentos”, uma vez que muitas dessas famílias se dedicavam à agricultura.

“Esta assinatura, de certa forma, devolve ao povo esse sentimento de segurança, de poder continuar a vida nas suas machambas, nos seus campos, nas suas famílias e para nós é mesmo motivo de esperança”, desenvolveu.

‘Esperança. Paz. Reconciliação’ é o lema da viagem papal a Moçambique, a convite das autoridades políticas e da Conferência Episcopal, passando depois por Madagáscar e Maurícias.

“Temos a oportunidade de sermos visitados por sua Santidade, sucessor do Apóstolo Pedro, e vem para confirmar a nossa fé, nos animar e seguirmos em frente”, referiu o padre Bonifácio Conde.

Esta será a quarta viagem do atual pontífice a África, após as visitas ao Quénia, Uganda e República Centro-Africana, em 2015; ao Egito, em 2017; e a Marrocos, que decorreu entre 30 e 31 de março deste ano.

CB/OC

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