Superior provincial Dehoniano no país diz que 90% dos edifícios da cidade da Beira foram afetados
Quelimane, Moçambique, 19 mar 2019 (Ecclesia) – O superior provincial dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) em Moçambique afirmou que a situação na cidade da Beira “é bastante dramática”, após a passagem do ciclone Idai.
“Temos de notícia de destruição em geral, calcula-se que 90% dos edifícios da cidade, que alberga mais de 500 mil pessoas, estejam destruídos ou gravemente danificados”, disse o padre Alessandro Capoferri, em declarações à Agência ECCLESIA.
Esta tarde (noite em Moçambique), o superior provincial dos Dehonianos no país lusófono disse que conseguiram, “finalmente”, entrar em contacto com o bispo da Beira, D. Cláudio Dalla Zuanna, que mandou “algumas mensagens a descrever um pouco a situação”.
“Não há contacto telefónico senão em pequenas zonas e no aeroporto que abriu as portas para as pessoas poderem carregar celular e aparelhos de comunicação”, exemplificou.
O padre Alessandro Capoferri realça que a situação “é bastante dramática”, têm notícias de “destruição em geral” com telhados que “voaram quase completamente” e nem o do Paço Episcopal escapou: “Está tudo a acontecer ao rés-do-chão mesmo que continue a chover, mas estão a tentar sobreviver assim”.
O sacerdote italiano adiantou a congregação religiosa está a “tentar mobilizar” as paróquias e as comunidades para “pequenas recolhas de fundos e de bens” e vai ser o bispo da Beira a dizer quais as “intervenções a fazer”, mas entretanto pediu para esperarem enquanto “estão a fazer avaliação mais séria”.
“Estamos a tentar mobilizar e sensibilizar pessoas mesmo fora do país para criar pouco de apoio e sensibilidade que será sobretudo financeira para dar apoio e ver a intervenção mais útil”, revelou ainda.
Segundo o padre Alessandro Capoferri, os meios de ajuda, por enquanto, são “limitados mas espera-se que possam aumentar” e destaca os socorros já no terreno, “especialmente, a partir de África do Sul”, com um grupo de pessoas que “inclui pessoal sanitário para o resgaste” e ajuda aos civis afetados pelo Ciclone Idai que atingiu a região na quinta-feira.
Neste contexto, realça que entidades ligadas à ONU e à Cruz Vermelha enviaram “aviões com medicamentos e géneros alimentícios”.
Outra “situação dramática”, originada pelo impacto do desastre natural, foi em Búzi onde “uma pequena barragem rebentou”, a cidade “ficou inundada” e ainda há imagens de pessoas nos telhados e nas árvores que ainda não foram resgatadas.
O superior provincial dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus vive em Quelimane, cerca de 400 quilómetros a norte da Beira, que foi “levemente afetada pela chuva” e “ainda hoje continua”.
“As casas destapadas continuam a ser inundadas; as pessoas desalojadas e carenciadas que precisam de ajuda imediata estão a ser ajudadas aqui (Quelimane)”, assinalou.
O padre Alessandro Capoferri vive em Moçambique desde 1986 e destaca que o povo moçambicano é “solidário” e otimista.
“No meio da destruição a resposta comum das pessoas é ‘estamos bem, pelo menos estamos vivos’. Sabem ver a parte positiva e tentar resgatar-se da situação que se criou”, acrescentou.
O ciclone Idai afetou outros países como o Maláui e o Zimbabué, segundo dados da UNICEF, nas áreas afetadas pelos ventos e chuvas fortes vivem atualmente cerca de 1,6 milhões de pessoas.
CB/OC