Moçambique: Cabo Delgado sofre com «pobreza extrema» e persistência da violência (c/vídeo)

Paulo Aido, jornalista português, esteve no terreno, junto de milhares de deslocados

Lisboa, 15 dez 2021 (Ecclesia) – O jornalista Paulo Aido, da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alertou que os cristãos de Cabo Delgado, norte de Moçambique, “estão a ser vítimas” de ataques violentos e da “pobreza extrema”.

“Naquela região há cerca de 850 mil deslocados e a grande questão que se coloca é saber como refazer uma vida depois de tamanha tragédia”, disse à Agência ECCLESIA

O jornalista esteve em novembro na região de Cabo Delgado, referindo que os moçambicanos “estão a refazer as suas vidas de forma lenta e difícil”.

Paulo Aido considera que a Igreja Católica tem “tido um papel insubstituível” e “tem sido o grande parceiro” das populações que “foram atingidas por uma violência brutal”.

Os ataques naquela região de Moçambique começaram em outubro de 2017 e tiveram o “auge em 2020, com um ataque brutal em Pemba”, e só depois começou a “intervenção militar das forças de Moçambique”

“Os terroristas continuam operacionais” e “já passaram para a província de Niassa”, lamentou Paulo Aido, convidado desta quarta-feira no programa ECCLESIA (RTP2).

Este cenário para as populações “é dramático” porque almejavam regressar a casa.

Perante estas situações, a Igreja tem procurado “dar soluções” e “ajudar as pessoas a tentarem recuperar a sua vida”, salientou o jornalista da AIS.

“Nota-se uma grande instabilidade e insegurança na população”, por isso “é muito difícil o recomeço nas comunidades traumatizadas”, afirmou Paulo Aido.

A fundação pontifícia destaca que os grupos radicais continuam ativos na região, apesar das operações militares de tropas moçambicanas, com o apoio do Ruanda.

Foto: AIS

Desde 2017, a província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, tem sido atingida por conflitos armados provocados por grupos rebeldes, que já causaram milhares de vítimas.

Os campos de deslocados “são imensos” e estão “localizados muito longe dos locais de origem das populações”, frisou Paulo Aido.

A AIS tem ajudado estas comunidades porque “a questão da fome está bem presente”, acentuou.

Esta terça-feira, um conjunto de instituições (Cáritas Portuguesa, Centro Missionário Arquidiocesano de Braga, Comissão Nacional Justiça e Paz, FEC – Fundação Fé e Cooperação, FGS – Fundação Gonçalo da Silveira, e Rosto Solidário) promoveu um Webinar sobre ‘Cabo Delgado: Prioridade às Pessoas’, onde esteve presente D. António Juliasse, administrador apostólico de Pemba.

“A situação em Cabo Delgado continua muito delicada e o futuro que, há pouco tempo, pareceu estar a ganhar outras cores continua muito sombria”, disse D. António Juliasse.

PR/LFS/OC

 

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