Diretor da Cáritas nacional, Santos Gotine, fala de população ainda a recuperar do Idaí e que enfrenta nova destruição
Maputo, 26 jan 2022 (Ecclesia) – A Cáritas de Moçambique está a acompanhar a destruição provocação pela passagem da tempestade tropical Ana, em algumas regiões, e “com dados preliminares” indica que na província de Nampula há mais de 24 mil pessoas afetadas.
“Mais de 24 mil pessoas foram afetadas, mais de 1200 casas foram totalmente destruídas, 4211 parcialmente destruídas, temos três óbitos a registar e muitas infraestruturas destruídas, pontes que obrigaram as vias de acesso a ser interrompidas”, informa à Agência ECCLESIA, Santos Gotine, diretora da Cáritas de Moçambique.
As províncias ainda se estão a pronunciar, e os dados “oficiais” que a Cáritas reporta são ainda iniciais, até porque havendo zonas “de difícil ou impossível acesso”, sem rede elétrica e sem comunicação, as informações só deverão chegar “dentro de 24 ou 48 horas”.
A tempestade tropical Ana atravessou algumas regiões de Moçambique tendo afetado a parte norte da região centro e a região norte do país, em especial a província de Nampula, a 24 de Janeiro, tendo-se, depois, dirigido para oeste, afetando significativamente as províncias da Zambézia e Tete.
Sobre outras províncias, as informações que chegam à caritas de Moçambique relatam “inundações nas bermas dos rios maiores, muita população deslocada, pontes e estradas, escolas e centros de saúde destruídos, e muta gente deslocada por causa da tempestade”.
“Fala-se de 10 óbitos em três províncias”, lamenta Santos Gotine, reconhecendo que este número é preliminar.
A tempestade passou mas de acordo com informações oficiais, “até ao final da época das chuvas, no final de março, espera-se a passagem de mais seis tempestades”.
“O ciclone Ana afetou a província de Sofala (cuja capital é a cidade da Beira, ndr), onde o ciclone Idai passou (em 2019), e também a província de Tete, e ai, ainda temos pessoas que vivem em casas de tendas e lonas que as receberam em 2019 e 2020 e esta tempestade veio piorar a vida destas pessoas que estão agora ao relento”, relata.
“Em Nampula há um centro de reassentamento de pessoas deslocadas de Cabo Delgado, por causa da insurgência, que vivem em casas construídas por terra, chamamos de adobe, e as chuvas destruíram as paredes e as pessoas voltaram a estar ao relento. A situação é crítica para as famílias”, acrescenta.
A tempestade Ana passou e Santos Gotine dá conta que o caudal dos rios está a baixar e os pedidos de ajuda vão agora surgir.
“Os pedidos não são ainda oficiais, mas conversando com colegas, eles pedem comida e chapas de zinco para dar as pessoas que perderam as casas e também roupa”, regista.
A Cáritas de Moçambique apela à solidariedade para ajudar uma população que sistematicamente sofre “desastres naturais e humanos”.
“Representamos o braço humanitário da Igreja católica e nestas situações pedimos que as pessoas de boa vontade e as instituições possam ser mais solidárias com estas pessoas afetadas. É urgente assistir as pessoas. Falamos de bens materiais e monetários, o apoio é bem vindo”, reconhece.
A população nas zonas mais afetadas é aconselhada a “sair das zonas de risco”, também a reforçar “as suas habitações em termos de cobertura”.
“É uma situação em que as pessoas vivem em pânico. É muito difícil de gerir e as pessoas fazem o que podem”, lamenta Santos Gotine.
LS